Publicado no Portal CUT –
Mensagens de solidariedade, resistência, gratidão e reconhecimento chegam de diversas partes do mundo; endereço para o envio de novas correspondências será centralizado agora no Instituto Lula
Elas chegam de toda parte. Acumulam palavras de solidariedade, resistência e gratidão. Trazem orações, rezas, memórias e desejos para o futuro. Já são mais de 10 mil cartas endereçadas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
São tantas que a Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, já não dá conta de receber. A partir de agora, o envio deve ser centralizado na sede do Instituto Lula, em São Paulo, onde o ex-presidente confia que serão recebidas.
Os remetentes variam da Bahia a Noruega. Da simplicidade de Aninha, de 8 anos, que descreve em letras de forma coloridas a tristeza de ver Lula preso, à mensagem do prêmio Nobel da Paz, Adolfo Perez Esquivel, impedido de visitar Lula no cárcere. No recado de Esquivel, que lidera campanha internacional para tornar Lula Nobel da Paz em 2018, o argentino escolheu ilustrar o presidente rompendo as correntes que o aprisionam em Curitiba.
Do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis vem uma das cartas que melhor retrata o porquê das caixas de correio da PF terem ficado abarrotadas: o vínculo que Lula manteve, mesmo após chegar ao poder e tornar-se o primeiro chefe de Estado, com os catadores de materiais, inclusive recebendo-os dentro do Palácio do Planalto.
“Presidente, todos os dias estaremos presos aqui, a poucos metros do senhor, dando bom dia e boa noite, junto com os outros lutadores sociais que por aqui permanecem. Jamais abandonaremos quem nunca nos abandonou”, escreveram.
De Leonardo Boff, expoente da Teologia da Libertação, amigo de longa data e de muitas lutas, o recado veio carregado de fé. “Querido amigo irmão Lula, esse é o salmo da consolação. O senhor é meu pastor e nada me faltará. O povo e Deus irão libertá-lo”.
Boff também teve seu acesso a Lula negado. O isolamento e a restrição às visitas faz com que as cartas se tornem o único meio de comunicação e solidariedade com o ex-presidente. Privado de responder pessoalmente as carinhosas mensagens que se acumulam, em seu sexto dia de confinamento, Lula enviou, por meio de seus familiares, o aviso de que lia o material e com ele se emocionava.
Da Noruega também chegam votos de que o ex-presidente seja libertado e possa receber, em Oslo, o prêmio por sua contribuição histórica ao combate à miséria. “Fé em Deus que o senhor sairá dessa prisão e ainda vai receber o prêmio Nobel da Paz em Oslo, no qual estarei presente”, escreve Carlinda, brasileira que vive há mais de dez anos no país nórdico e veio ao Brasil apenas para prestar solidariedade ao Acampamento Lula Livre e fazer sua mensagem chegar a Lula.
Da cidade de São Bernardo, onde Luiz Inácio se tornou Lula, chegam emocionantes relatos dos que acompanharam os dias que precederam a prisão de Lula e que por ele estão dispostos a manter a resistência.
“Toda aquela gente sitiando o entorno do sindicato com disposição para mover céus e terras pela sua liberdade… Apesar de tê-lo em confinamento forçado, as pessoas tem saído de trás das armaduras da inércia para compreender que a ação desleal e golpista afetará toda a classe trabalhadora”, escreve a jovem Iara Bento, em um relato de esperança ao ex-presidente.
Do Recife a São Paulo, centrais de cartas também se espalharam pelo país. Um dos incumbidos da missão de reunir as mensagens de carinho que chegam de toda parte, o ex-prefeito de Osasco e membro da Executiva Nacional do PT, Emídio de Souza, resumiu a sensação ao se deparar com as mais de dez mil correspondências.
“Me ver naquele mar de cartas foi como sentir um pouco do imenso carinho do povo brasileiro por Lula e da sua solidariedade diante de uma condenação injusta e sem provas”, descreveu.
A partir de agora, o envio deve ser centralizado no endereço da Sede do Instituto Lula, na capital paulista: Rua Pouso Alegre, 21 – Ipiranga, São Paulo.