CULTURA
Proprietário do Ponto Cine, primeiro cinema popular digital do Brasil, recordista de exibição de filmes brasileiros, Adailton Medeiros fala abaixo do cinema que é um orgulho para a população do bairro de Guadalupe, há 40 quilômetros do centro do Rio de Janeiro.
Constrangedor para uma mulher ir a uma festa e encontrar outra com o mesmo modelo e cor de vestido. Isso ainda choca (ainda…).
Cada vez mais as pessoas querem “estar na moda”. Compram e vestem-se com o mesmo modelo de calça, blusa, tênis… Pessoas diferentes embrulhadas com as mesmas indumentárias.
O que dizer disso? Falta de senso crítico? Falta de criatividade? Acomodação? Alienação…
Talvez isso seja um sintoma, um efeito colateral, uma reprodução das imagens que nos bombardeiam diariamente (digo “bombardeio” porque o forte da sua cultura é bélica).
Nos quatro Shoppings no entorno do Ponto Cine, que somam 21 salas, estão em cartaz os mesmos filmes. Ao contrário das “pessoas descoladas”, Shoppings por fora são diferentes, porém por dentro são tudo iguais.
O Ponto Cine é um cinema de 73 lugares, que fica em Guadalupe, subúrbio da zona norte carioca. Em sua única sala, três filmes diferentes estão em Cartaz. Um italiano, “Viva a Liberdade”, maravilhoso! E dois brasileiros, “Meninos de Kichute”, em dois horários, e “Aos ventos que virão”, encerrando a grade (porque lá o filme brasileiro tem prioridade). Três títulos que não estão em nenhum desses shoppings…
O grande barato é conviver com as diferenças. Mas isso não pode ser só discurso bacana.
Vale a pena ir ao Ponto Cine, até para não corrermos o risco de nos tornamos iguais de fora para dentro, a partir das nossas embalagens estilísticas.