Lira é a personalização da autoridade que desqualifica o cargo que exerce
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O deputado Arthur Lira (PP-AL) tem demonstrado insatisfação com o governo Lula pelo fato de ter perdido o controle do Orçamento Secreto. O Supremo Tribunal Federal (STF) o declarou inconstitucional e o Poder Executivo readquiriu o controle do orçamento.
Lira perde a força soberana que adquiriu durante o mandato de Bolsonaro. A atitude do deputado alagoano foi escalar situações artificiais para desgastar os ministros Alexandre Padilha, que cuida da articulação política, e Rui Costa, da Casa Civil, auxiliares mais próximos do presidente Lula.
Na linguagem dos políticos, Lira colocou um “bode na sala” ao insistir que o governo não tem articulação política competente. Leia-se: não liberava as emendas parlamentares e não havia nomeado os cargos para o segundo e terceiro escalão.
A chantagem foi sendo cada vez mais verbalizada até o momento em que o presidente Lula não recebeu Lira, mas, conversou com ele por telefone – segundo a imprensa – para encaminhar a votação.
Disse Lira: “Não há achaque, não há pedidos, não há novas ações, o que há é uma insatisfação generalizada dos deputados, e talvez dos senadores que ainda não se posicionaram, com a falta de articulação política do governo, não de um ou outro ministro”.
Lira é a personalização da autoridade que desqualifica o cargo que exerce. Ele é o terceiro na sucessão presidencial. Depois que a Câmara aprovou a Medida Provisória que estrutura o governo, por 337 votos contra 125 sem que a “insatisfação generalizada” tenha se materializado, Lira passou recibo de sua derrota política com a arrogância que o caracteriza desde que iniciou a carreira.
“Daqui para a frente, o governo vai ter que andar com suas próprias pernas”.
O dia seguinte
Horas depois da Câmara aprovar a MP, a Polícia Federal deflagrou a Operação Hefesto, que visa desarticular organização criminosa suspeita de praticar crimes de fraude em licitação e lavagem de dinheiro em Alagoas e em outros estados.
Investigado desde 2019, Luciano Cavalcante, atualmente lotado na liderança do PP na Câmara, e uma das pessoas de maior confiança de Lira, foi alvo de mandado de busca e apreensão.
O deputado Arthur Lira deve ser entendido sobre três aspectos.
1) A força política que representa deriva do cargo de Presidente da Câmara.
2) O momento que o tornou imbatível é proveniente da incapacidade do ex-presidente Bolsonaro se relacionar com os deputados, terceirizando o Orçamento Secreto.
3) Lula conhece o Poder e sabe falar a língua dos políticos.
Lula tem atuado em várias frentes para reposicionar o Brasil no cenário internacional, essa primeira parte foi alcançada com competência. A segunda tem sido apresentar alternativas para a economia crescer, criando empregos focado no agronegócio, na reindustrialização e na âncora do seu governo que são os programas sociais.
O terceiro e, não menos importante, será ampliar o apoio parlamentar na Câmara e no Senado.
Arthur Lira não entendeu os sinais emitidos, por, talvez, só conhecer a linguagem da chantagem política. Sobre esse aspecto perdeu politicamente.
É possível que passe a entender o significado do que Lula falou: o jogo está começando.