Manaus homenageia o poeta Thiago de Mello no seu aniversário de 95 anos

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Compartilhado de Amazônia Real – 

As atividades ainda estão sendo definidas, mas são dadas como certas uma exposição multimídia sobre a vida e produção artística do homenageado, recitação das suas poesias e lançamentos de livros de sua autoria.

Thiago de Mello é um dos mais expressivos poetas vivos da América Latina da sua geração, e um dos brasileiros a conquistar reconhecimento mundial, principalmente por fazer da sua poesia um canto em defesa dos valores que tornam os seres humanos mais fraternos, livres e iguais.

A programação do evento está sendo elaborada pela Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult), pela Secretaria Municipal de Comunicação (Semcom) e pelo Conselho Municipal de Cultura (Concultura), com apoio da esposa de Thiago de Nello, a poeta Pollyanna Furtado Lima.




O vereador Marcelo Serafim, líder do prefeito David Almeida na Câmara, vai apresentar o projeto de lei que oficializará a homenagem. A primeira reunião entre os representantes dos órgãos envolvidos na organização da homenagem (Pollyanna Furtado Lima, Alonso Oliveira, ManausCult; Tenório Telles, Concultura; e Emerson Quaresma (Semcom) foi realizada ontem à noite.

Todas as medidas de biossegurança recomendadas pelos organismos locais, nacionais e internacionais de saúde serão rigorosamente cumpridas. Assim, é provável que grande parte da programação ocorra por meio da internet.

“Acredito que, no momento de dor e tristeza em que vivemos (por conta da pandemia), a poesia de Thiago deve servir de ânimo e esperança”, ressaltou Pollyanna Furtado.

Thiago de Mello, amazonense de Barreirinha, fez de Manaus a sua mais permanente morada, uma vez que, em razão do exílio que lhe impôs o regime militar brasileiro (1964-1985) e da recepção da sua poesia, tornou-se um cidadão do mundo.

“Estamos acertando, aqui [na reunião], um dos atos mais importantes para a cultura de nossa terra, pela importância do homenageado e a sua obra, para a nossa gente e o povo brasileiro”, salientou Alonso Oliveira.

“Uma homenagem justa e necessária que a gente faz em vida ao maior poeta que o Amazonas já teve, e um dos maiores nomes da poesia no Brasil. Não é o Thiago que tem que se sentir honrado com a homenagem, e, sim, a Câmara que se sente honrada em homenagear Thiago de Mello nesse momento”, afirmou Marcelo Serafim, autor da proposta de homenagem na CMM.

Thiago de Mello é, também, homenageado na 34ª Bienal de São Paulo, por meio do enunciado do evento, Faz escuro mas eu canto, verso que dá nome a um dos seus livros publicado em 1965. A 34ª Bienal deveria ter sido realizada no ano passado, mas foi transferida para o período de 5 de setembro deste ano.

Thiago de Mello é entrevistado sob o olhar do amigo e poeta nicaraguense Ernesto Cardenal (1925-2020)

O poeta

Nascido em Barreirinha, Thiago de Mello conquistou reconhecimento nacional e internacional, tornando-se um dos mais expressivos poetas contemporâneos do país. É autor de livros reconhecidos, mundialmente, como “Faz escuro mas eu canto”, “Silêncio e palavra”, “Manaus, amor e memória”, entre outros.

Além de escritor, exerceu o jornalismo e serviu no Itamaraty, como adido cultural no Chile, onde cultivou uma grande amizade com Pablo Neruda e Salvador Allende.

Sei poema mais conhecido é Estatutos do Homem, editado e reeditado em várias línguas. Esse poema foi escrito no calor da ditadura militar no Brasil, quando Thiago de Mello exercia o cargo de Cultural do Brasil no Chile, no governo deposto de João Goulart.

Nesse momento ele recebia do apreço e afeto do poeta Pablo Neruda, Prêmio Nobel da Literatura, e do então senador Salvador Allende, que se tornaria presidente do Chile, e logo assassinado pelo general ditador Augusto Pinochet.

Preso e expulso do Chile, o poeta se tornou refugiado das Nações Unidas e passou a viver em vários países, até retornar ao Brasil, procedente de Portugal, em 1978. Ele foi preso ao desembarcar, no Rio de Janeiro, pela polícia política do regime militar.

Thiago de Mello, enquanto servidor do Itamarati no Chile, colaborou com abrigo, indicação de trabalho e regularização da situação de exilados políticos, entre eles José Serra, Juca de Oliveira, Almino Affonso.

É discípulo do grande romancista José Lins do Rego e comungou da amizade de Manuel Bandeira e Tom Jobim.

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