Por Izabel Dias Machado, no Facebook

Preciso dar meu testemunho sobre o que ocorreu ontem em Aparecida, local do debate entre os presidenciáveis.

Combinamos de ir até lá recepcionar nosso candidato, Haddad. E para lá se dirigiu um número significativo de militantes de várias cidades da região. O local marcado era em frente a um dos portões da Basílica, longe do tumulto do portão principal. E ficamos lá. A comitiva do Haddad iria passar por ali, acenar para nós e, quem sabe, até falar alguma coisa, tirar fotos, etc. Estava pouco iluminado e não havia mais ninguém ali, além de nós.

De repente surgiram carros e motos com pessoas ostentando bandeiras e fotos de Bolsonaro, carros de som, etc e passaram em frente ao nosso grupo aos gritos, xingamentos, ameaças. Foram um pouco além e voltaram. Pararam ali. Alguns ficaram se aproximando de nós perigosamente com as motos, houve, inclusive, quem circulasse a nossa volta. Estávamos acuados ali. Os xingamentos foram se intensificando.

Havia mulheres e crianças entre eles, mas eram poucas. A maioria era de homens jovens, o perfil clássico. Nós éramos homens e mulheres, a maioria mulheres. Eles desceram dos carros e das motos e fizeram uma barreira, enquanto vinham a pé em nossa direção. Os xingamentos não pararam. Os gestos eram de metralhadoras e armas atirando em nossa direção, COMO FAZ O LÍDER DELES.

Não reagimos. Ficamos parados balançando nossas bandeiras e olhando firmemente para eles. Eu não vi ninguém filmando ou tirando fotos daquilo. Hoje estou pedindo nos grupos se alguém tem alguma coisa. Ficamos, na verdade, paralisados. Eles eram muitos. MUITOS.

E a polícia? Inexplicavelmente ficou de longe observando. Eu pensei que ia haver uma enorme desgraça ali se alguém não viesse a tempo, mas durante longos minutos, eu calculo uns vinte minutos, nada foi feito.

Os palavrões eram: v.t.n.c., mortadelas, vagabundos, lulaladrão, que morram todos, tem que exterminar essa raça, e por aí vai. Até que, enfim, a polícia resolveu intervir. Vieram até nós, E NÃO ATÉ ELES, e
pediram para que saíssemos dali.

Quando viram os policiais, eles gritavam alucinados: viva a polícia militar!
Abaixamos as bandeiras, recuamos e nos dirigimos para outro local. Minutos depois, já no pátio da Basílica, fomos chamados a fazer um B.O.

A sociedade brasileira está doente.
Estamos exatamente no limite tênue entre a desordem e o caos total.