Compartilhado de RBA –
Torcedores e sócios pedem que imagem do Santos não seja usada com fins demagógicos. “Genocida não, vacina sim”, diz documento
São Paulo – Um manifesto assinado por mais de 300 torcedores e sócios do Santos pede ao presidente do clube, Andrés Rueda, que a imagem do time não seja usada pelo presidente Jair Bolsonaro na final da Copa Libertadores da América para “fins demagógicos”. “Mais uma vez estaremos diante de uma disputa com repercussão internacional. No próximo dia 30 de janeiro, entraremos em campo, para disputar a final da Libertadores. Esta disputa ocorre no momento em que uma pandemia mundial atinge a todas as nações e povos”, diz o manifesto. “Diante de evento de tão grande envergadura, queremos rechaçar qualquer tentativa do Sr. Jair Bolsonaro em utilizar nossa camisa e imagem, para de maneira oportunista fazer proselitismo político e fins demagógicos.”
Santos e Palmeiras decidem a mais importante competição do continente no sábado (30), às 17h, no Maracanã. O campeão de Libertadores 2020 será conhecido em partida única. No último domingo (24), torcedores do Palmeiras também enviaram documento ao presidente do clube, Mauricio Galiotte, com o mesmo objetivo. “Exortamos o presidente da Sociedade Esportiva Palmeiras a não endossar qualquer tipo de ação que coloque o clube sob o jugo de ações populistas e oportunistas por parte do presidente da República, Jair Bolsonaro, na ocasião da grande final da Copa Libertadores da América da presente temporada”.
Demagogia e “falta de caráter”
O ex-presidente do Palmeiras, Luiz Gonzaga Belluzzo, defendeu a atitude das torcidas e afirmou que a postura oportunista de Bolsonaro revela “falta de caráter”. É prática corriqueira de Bolsonaro usar os clubes de futebol para impulsionar sua imagem. No campeonato nacional do Palmeiras, em 2018, então recém-eleito, compareceu à arena Allianz Parque, estádio do clube, no dia do jogo da entrega do troféu. No final do ano, participou de pelada na Vila Belmiro, em Santos. Depois, vestindo a camisa no clube, mergulhou na praia causando aglomeração de banhistas.
Na decisão da Libertadores, ele não poderá ir ao gramado para entrega de premiação, segundo proibição imposta por protocolo da Conmebol, confederação sul-americana responsável pela competição. No entanto, já recebeu convite para ver a partida da tribuna. Assim como seu hoje desafeto, o governador de São Paulo, João Doria, santista.
Entre as mais de 300 assinaturas no manifesto estão as de torcedores do Santos como o compositor Zeca Baleiro e os jornalistas e escritores Xico Sá, Gilberto Nascimento, Bob Fernandes, José Roberto Torero (autor do Diário do Bolso), Breno Altman, Luiz Carlos Azenha e Laurindo Lalo Leal Filho. O documento – ainda aberto a adesões – pede que os jogadores entrem em campo com uma faixa “em defesa da vacina para todos os brasileiros já”. E conclui com palavras de ordem “Bolsonaro não, vacina sim” e “Genocida não, vacina sim”
Íntegra: Manifesto dos torcedores do Santos Futebol Clube – Esquerda Santista
Ao Presidente do Santos Futebol Clube, digníssimo Sr Andrés Rueda Garcia
O Santos Futebol Clube é possuidor das mais belas páginas do futebol brasileiro e Mundial. Motivo de orgulho dos milhões de Santistas, espalhados por todos os continentes. Nossa imagem é rica dentro e fora de campo, motivo de admiração e respeito. Nossa camisa branca, símbolo da paz, já paralisou guerra, para que nações pudessem se encantar e respirar momentos de harmonia.
Em nosso país, a nossa torcida esteve presente nas mais justas lutas de nosso povo. Participou da luta pela anistia ampla geral e irrestrita, bem como por eleições Diretas. Nos mais diversos continentes somos admirados.
Mais uma vez estaremos diante de uma disputa com repercussão internacional. No próximo dia 30 de janeiro, entraremos em Campo, para disputar a final da libertadores. Esta disputa ocorre no momento em que uma pandemia mundial atinge a todas as nações e povos.
Diante de evento de tão grande envergadura, queremos rechaçar qualquer tentativa do Sr Jair Bolsonaro, em utilizar nossa camisa e imagem, para de maneira oportunista fazer proselitismo político e fins demagógicos .
Sua imagem desastrosa não se coaduna com nossa história nem nossa camisa
Não podemos permitir associar o Santos Futebol Clube a um desgoverno genocida, que desrespeita a vida, que defende milícias, prega o ódio e as mais infames formas de discriminação, homofóbico, racista e distante de representar os valores e princípios humanos e civilizatórios, historicamente defendidos pelo clube.
Um desgoverno que desdenha a perda de mais de 215 mil brasileiros mortos pela Covid. Que inerte assiste à destruição de nossa natureza e que colocou nosso país na condição de pária internacional.
Queremos que nosso Santos entre em campo com orgulho de nossa história e nossa camisa.
Sugerimos que nossos jogadores levem a campo, uma faixa em defesa da Vacina para todos os Brasileiros Já!
Bolsonaro não, vacina sim! Genocida não, vacina sim!