Marcha da reação contra o cinza das quartas-feiras e dos outros dias

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Da Redação – 

Acabou nosso carnaval. Ninguém ouve cantar canções. Ninguém passa mais brincando feliz

Nosso carnaval 2017 foi mais um de desabafo colorido do que um carnaval de um povo feliz, pois vivemos num golpe instalado em 2016.




E, nos corações, saudades e cinzas foi o que restou. Pelas ruas o que se vê é uma gente que nem se vê. Que nem se sorri, se beija e se abraça e sai caminhando, dançando e cantando cantigas de amor

O golpe vem trazendo de arrastão o que há de pior no ser humano: traição, egoísmo, arbitrariedade, perseguição sem fim aos que não comungam do pensamento e das ações conservadoras.

E, no entanto, é preciso cantar, mais que nunca é preciso cantar. É preciso cantar e alegrar a cidade

E nós cantamos, faz escuro mas cantamos, pois é cantando e entoando o “Fora, Temer” que mostramos que somos a favor da igualdade social, da justiça plena.

A tristeza que a gente tem qualquer dia vai se acabar. Todos vão sorrir. Voltou a esperança. É o povo que dança, contente da vida, feliz a cantar.

Vai acabar, sim. Fascistas, golpistas não passarão. Estão, mas não ficarão.

Porque são tantas coisas azuis. E há tão grandes promessas de luz. Tanto amor para amar de que a gente nem sabe.

Sim, pois golpe não rima com amor. Estamos de olho, siglas comparsas do golpe. Estamos de olho e vamos cantar contra a repressão, a omissão e as injustiças.

Quem me dera viver pra ver. E brincar outros carnavais. Com a beleza dos velhos carnavais. Que marchas tão lindas. E o povo cantando seu canto de paz. Seu canto de paz.

Sim, vamos viver novos carnavais, sem golpe, sem “trairagem”, sem mesquinharia. Pois, entanto é preciso cantar, mais que nunca é preciso cantar. É preciso cantar e alegrar a cidade.

Faz escuro mas eu canto,  porque a manhã vai chegar. Vem ver comigo, companheiro, a cor do mundo mudar.

PS: “Em itálico, a música Marcha da Quarta-Feira de Cinzas, de Vinícius de Moraes e Carlinhos Lyra. A música foi um prenúncio do golpe de 64, pois composta em meados de 1963. Também citado Thiago de Mello, no poema “Faz escuro, mas eu canto”.

Foto, capa: Ricardo Stuckert

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