O conservadorismo e a superficialidade do liberalismo brasileiro é algo muito bem abordado no livro do sociólogo Jessé Souza em seu livro A ralé brasileira, no qual desconstrói a tese do patrimonialismo, pelo qual de um lado está a demonização do Estado corrupto e do outro, a divinização do mercado como o reino da virtude.
De acordo com tal pensamento, o Estado é ineficiente, gere mal a coisa pública e é, por essência, o lugar da corrupção. Daí que sempre que se quis derrubar… um governante, desde Getúlio, até hoje, ressurge a cantilena do “mar de lama”. O Mercado, por outro lado, é o lugar da eficiência, da competência, da excelência de gestão, da responsabilidade. Estado é vício, Mercado é virtude.
Pois bem, as imagens da catástrofe ambiental que atingiu Mariana e que se espalha para outros Estados pelo mar de lama que segue causando estragos, não é uma fatalidade. É resultado da negligência, segundo um membro do PM de Minas, seja qual for a causa. Vidas foram ceifadas, lares destruídos, animais, veículos, estabelecimentos comerciais, instituições, como igrejas e escolas, tudo foi devastado por um verdadeiro tsunami de lama.
Uma catástrofe não natural, resultado da ação do homem, com consequências sociais, econômicas e culturais, tendo em vista que Mariana é um dos centros históricos importantes de Minas, do país. As imagens impactantes que estamos vendo, provocadas pelo rompimento da barragem são reais mas também têm um caráter simbólico, pois escancaram a verdade do capitalismo, que se define pela ganância, do lucro a qualquer custo.
Este sim, o verdadeiro mar de lama que a mídia já não consegue mais esconder como gostaria