A literatura brasileira se despede de uma de suas mais renomadas autoras.
Marina Colasanti, escritora, poeta e tradutora, faleceu nesta terça-feira (30), no Rio de Janeiro, aos 87 anos, deixando um legado literário imenso. Com mais de 70 livros publicados para crianças e adultos, sua carreira multifacetada tocou o coração de milhões de leitores, marcando a literatura nacional com sua sensibilidade única e sua capacidade de transformar palavras em emoções profundas.
Sua obra, que abrange desde a literatura infantojuvenil até contos e poesias mais complexos voltados para o público adulto, é amplamente reconhecida no Brasil e no exterior. Com um estilo poético e lírico, Marina Colasanti conquistou inúmeros prêmios, incluindo nove Jabutis, nas categorias de contos, poesia e literatura infantil. Entre suas obras mais notáveis estão Eu sei, mas não devia (1993) e Passageira em Trânsito (2010).
Em 2023, Colasanti foi laureada com o Prêmio Machado de Assis, concedido pela Academia Brasileira de Letras, em reconhecimento ao conjunto de sua obra. Ela foi a décima mulher a receber essa honraria, um marco importante em sua trajetória. Também foi finalista do Prêmio Hans Christian Andersen em 2024, considerado o “Nobel” da literatura infantojuvenil.
Nascida na Eritreia, em 1937, Marina chegou ao Brasil com apenas 10 anos, após o fim da Segunda Guerra Mundial. Ao longo de sua vida, encontrou na literatura a forma de expressar suas experiências e sua visão de mundo. Atuou também como jornalista, apresentadora de TV, publicitária e tradutora, sempre com o objetivo de levar a literatura a diferentes públicos e contextos.
A obra de Colasanti dialoga com o imaginário infantil, mas também carrega uma profundidade emocional capaz de tocar adultos, abordando temas como amor, solidão, tempo e a busca pelo sentido da vida. Se você ainda não teve o privilégio de se aprofundar no universo de Marina Colasanti, agora é o momento. Suas obras, sempre atemporais, continuam a oferecer reflexões sobre a vida, os sentimentos e a busca de sentido. Ela foi uma das poucas autoras a conseguir dar voz aos sentimentos universais, nos fazendo enxergar o extraordinário nos momentos mais simples do cotidiano.
A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee) selecionou algumas de suas principais obras para quem deseja conhecer e celebrar seus escritos:
- Uma ideia toda azul (1979)
Uma ideia toda azul é uma coletânea encantadora de contos, nos quais Marina Colasanti nos leva a reinos e bosques imaginários, povoando suas histórias com princesas, reis, unicórnios e fadas. Por meio da fantasia, a autora explora sentimentos universais como desejos, medos e a busca pela identidade. Com uma linguagem poética, ela aborda questões como a insatisfação e o egoísmo, em contos que vão além do tradicional conto de fadas e propõem uma reflexão profunda sobre os dilemas humanos.
- Eu sei, mas não devia (1993)
Vencedor do Prêmio Jabuti, Eu sei, mas não devia é uma obra marcante, composta por contos que exploram as contradições e dilemas do cotidiano. Marina Colasanti nos leva a refletir sobre escolhas, arrependimentos e os limites da consciência humana. O estilo lírico e a profundidade dos temas fazem deste livro uma leitura essencial para quem deseja compreender as sutilezas da experiência humana.
- Passageira em Trânsito (2010)
Em Passageira em Trânsito, Marina Colasanti mergulha no universo da poesia com uma maestria impressionante. Cada verso é uma janela para os dilemas internos da vida, abordando o movimento constante da existência e as experiências de quem viaja, não só fisicamente, mas também em sua jornada interior. Este livro, também premiado com o Jabuti, é uma obra de sensibilidade única, capaz de tocar profundamente o coração dos leitores.
- Disponibilidade da Alma (2023)
Publicada em 2023, Disponibilidade da Alma é uma coletânea que revela a multiplicidade da escrita de Marina Colasanti. Contos, crônicas, poemas, ensaios e memórias se entrelaçam, abordando a vida em suas diversas facetas. Neste livro, a autora compartilha seu olhar sensível e atento sobre o mundo, refletindo a respeito das experiências humanas e elucubrando sobre o próprio processo criativo. Uma obra essencial para os admiradores de Colasanti que querem visitar o íntimo da escritora.
- Sereno Mundo Azul (2023)
Em Sereno Mundo Azul, Colasanti nos conduz por contos ricos em imaginação e envolvimento, onde cenários fascinantes e relações intensas entre personagens cativam até os leitores mais distraídos. A autora nos guia por histórias que, à primeira vista, parecem pertencer ao reino dos sonhos, mas que nos fazem perceber como as fronteiras entre o real e o imaginário são fluidas. As ilustrações de Elizabeth Builes complementam de forma magistral a escrita de Colasanti, criando uma obra que ressoa com uma profundidade emocional e visual singular.
A obra de Marina Colasanti é imortal; a cada leitura, ela renasce, tocando fundo a alma de quem a encontra.
Por Romênia Mariani