Estamos medindo o valor das vítimas quando, na verdade, todas as vítimas de assaltos, de violência do tráfico e de violência polícial são apenas o que são: VÍTIMAS de criminosos que se sentem seguros para agir numa cidade sem policiamento ostensivo, com uma polícia parcialmente corrupta, que não sabe atuar nas UPPs e não sabe atuar nas áreas nobres – e devia atuar nos dois locais, de maneira diferente, mas com idêntica intensidade e preocupação.
…Eu moro no posto 11 e nunca vou ao Vidigal.
Quero segurança no posto 11 e quero segurança no Vidigal, mesmo porque um depende do outro e o posto 11 é frequentado por moradores dos dois locais.
É claro que me causa mais impacto um crime cometido nas areias ou na calçada do posto 11. É ali que eu estou várias vezes por semana. Isto não faz de mim um fascista que torce para que só haja violência no Vidigal. Tampouco me impede de me comover com assassinatos cometidos nesta e em qualquer outra favela do Rio.
Por que para algumas pessoas é tão difícil entender isso e tão fácil repetir o discurso de sempre:
“Morreu um rico? Menos mal”.
OU:
“Morreu um dos nossos? Isso não pode!”
Em tempo 1 – quando um crime como esse da Lagoa acontece, e este tipo de crime acontece mesmo, e não só aqui, os monstros se sentem à vontade para sair das cavernas mentais em que vivem, porque acham que sua pregação terá mais simpatizantes.
Em tempo 2 – se alguns dos que dizem que gostariam de sair do Brasil sempre que um crime como este acontece de fato fossem embora talvez o ambiente se tornasse um pouco mais respirável.