A REAÇÃO DE DILMA QUANDO O SEU TORTURADOR FOI CELEBRADO NA CÂMARA:
NA FOLHA:
Enquanto Dilma, segundo relatos, estava serena, como que “consciente” do momento pelo qual estava passando.
Mas o semblante da presidente mudou no momento em que Jair Bolsonaro (PSC-RJ) se aproximou do microfone do plenário da Câmara.
Dilma apertou as mãos nos braços da cadeira em que estava sentada e ouviu o deputado dedicar seu voto a favor do impeachment: “Pela memória do coronel Carlos Aberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff”.
Fez-se silêncio na sala. Morto em outubro de 2015, Ustra foi chefe do DOI-Codi em São Paulo, órgão de repressão política, e o primeiro militar condenado pela Justiça como torturador.
Dilma se levantou e, sozinha, caminhou até um corredor que leva à saída da sala. Parou perto de uma estante. Era observada pelos cerca de 20 convidados, entre ministros e governadores, que acompanhavam a votação ao lado dela.
Eles se entreolharam, mas ninguém falou.
A presidente então chamou Ricardo Amaral, autor de sua biografia autorizada e uma das pouquíssimas pessoas com quem Dilma falou sobre as sessões de choques e pau de arara que sofreu quando foi presa, durante a ditadura, por sua atuação contra o regime.
Ela estendeu um livro ao amigo, mas não quis falar sobre o assunto.
Aqueles 56 segundos que duraram o voto de Bolsonaro mexeram com Dilma, e foram necessários alguns minutos para que as conversas voltassem a fluir entre ela e os convidados.