ESPECIALISTAS DE QUALQUER COISA
Talvez esteja na hora de o jornalismo tomar um pouco mais de cuidado com a escolha de seus “especialistas” – aqueles sujeitos que são sempre procurados para sustentar com “boas declarações” e uma impressão de expertise, fácil de compreender, qualquer tese concebida na reunião de pauta ou determinada pela chefia.
Na verdade, já passou da hora. Há 15 anos, quando pautei dois jornalistas para entrevistar um então já conhecido psiquiatra, hoje verdadeira celebridade, fui informado, na volta, que tratava-se de um profissional de comportamento no mínimo insólito: não demonstrou o menor pudor de falar sobre os problemas de um paciente – um pré-adolescente – cuja consulta ele interrompeu para atender os repórteres, mas que permanecia no consultório, a poucos metros de distância. O “especialista”, daquele tipo de que é capaz de discorrer sobre qualquer assunto, continua até hoje dando lições em entrevistas e artigos.
Há pouco tempo, a imprensa elevou à condição de xerife da vez o juiz encarregado de julgar Eike Batista e o que se viu, aos poucos, é que este senhor não tinha a menor condição de arbitrar sobre sua própria vida pessoal. Agora, ele decidiu declarar-se doente mental para se aposentar com proventos integrais e, ao que parece, escapar de se tornar, de julgador de ontem, julgado de hoje por seus pares.
Pode ter chegado o momento de atualizar o “seboso” com nomes e telefones de pessoas sérias, realmente conhecedoras de seus ramos de atividade e, se possível, colecionar fontes com alguma variedade de orientação política ou ideológica.
PS: para os que têm menos de 40 anos, explico o que é seboso: agenda de telefone das velhas redações analógicas, que, de tão manuseada, ficava amassada, com folhas caindo e nojenta até de tocar.
PS: para os que têm menos de 40 anos, explico o que é seboso: agenda de telefone das velhas redações analógicas, que, de tão manuseada, ficava amassada, com folhas caindo e nojenta até de tocar.