Músico brasileiro radicado em Paris lança álbum Matheus Donato Trio, que explora novas possibilidades do instrumento tradicional, mesclando elementos do choro com jazz.
Em janeiro de 2025, o músico Matheus Donato apresenta seu novo projeto, que traz uma abordagem inovadora para o cavaquinho de seis cordas em formato trio jazz. Acompanhado pelo baixista Darcy Gomes e o baterista Marcelo Maurício Melo, o álbum apresenta oito composições inéditas, incluindo uma parceria com músicos de Brasília, além de uma releitura do clássico “Mas que nada” de Jorge Ben Jor.
O formato escolhido para o projeto foi inspirado nos trios de jazz, substituindo a guitarra pelo cavaquinho. “Eu encontrei uma alegria gigante ao fazer um repertório que eu curtisse, preenchendo espaços melódicos e harmônicos com recursos do cavaquinho. E esses parceiros incríveis que são o Darcy e o Maurício levaram o trabalho para um lugar totalmente diferente do que eu tinha imaginado”, afirma. “O trio é uma formação que me fascina e o cavaquinho é um instrumento que me fascina. Juntando esses dois fascínios nasceu o disco”, acrescenta.
O álbum “Matheus Donato Trio” também traz homenagens a dois grandes nomes da música: Django Reinhardt, violinista francês nascido na Bélgica da etnia “rom”, e o brasileiro Dominguinhos. “O choro do Dominguinhos é um dos mais bonitos que já vi, com uma harmonia muito interessante e uma melodia super difícil de tocar. Misturando vários choros dele com ideias melódicas, fiz uma música em sua homenagem”, afirma.
A referência a Django Reinhardt está relacionada à experiência de sua chegada na França e a descoberta do violão manouche, muito usada pelo músico cigano, e que influenciou o jazz francês.
As faixas em homenagem aos dois músicos que o inspiraram, contam com participações especiais do saxofonista francês Baptiste Herbin e do violinista venezuelano Alex Cárdenas, trazendo elementos adicionais ao projeto.
Sobre seu papel como parte de uma nova geração de músicos brasileiros, Donato, brasiliense de 25 anos, reflete: “A música brasileira, a música em geral, está precisando de gente apaixonada, está precisando de gente sensível. E está precisando de gente que faz o trabalho musical pensando no trabalho musical, sem abrir mão das suas convicções artísticas. E continuar com a cabeça e os ouvidos sensíveis para todos os estímulos possíveis”, afirma.