Delegada que autuou em flagrante o autor do crime bárbaro considerou o ato como delito de lesão corporal seguido de morte
Por Lucas Vasques, compartilhado de Fórum
A delegada Mariana Castro Lopes Pilotto considerou a ação de Tiago Gomes de Souza, de 39 anos, autuado em flagrante, no sábado (8), como delito de lesão corporal seguido de morte. O acusado matou um idoso de 77 anos com uma “voadora” no peito, em Santos, no litoral de São Paulo.
Porém, o Ministério Público (MP) vai imputar ao acusado o crime de homicídio doloso qualificado, uma tipificação mais grave do que a anterior.
Por isso, a juíza Elizabeth Lopes de Freitas, da 4ª Vara Criminal de Santos, determinou o envio dos autos para a Vara do Júri. É lá que são processados os crimes dolosos contra a vida, como é o caso do homicídio.
No domingo (9), o promotor Diogo Pacini de Medeiros e Albuquerque, durante audiência de custódia, solicitou a decretação da prisão preventiva de Tiago. Ele justificou o pedido em consequência da gravidade do crime e cogitou a possibilidade de mudança da capitulação jurídica originária para homicídio, na modalidade dolo eventual.
O juiz Felipe Esmanhoto Mateo, que presidiu a audiência, decretou a preventiva do acusado. Depois disso, os autos foram distribuídos à 4ª Vara Criminal de Santos para o oferecimento da denúncia.
Contudo, antes mesmo da formalização da acusação, os promotores Daniel Azadinho Palmezan Calderaro e Fábio Perez Fernandez apresentaram petição, em conjunto à juíza Elizabeth de Freitas, reivindicando o encaminhamento à Vara do Júri.
“Os elementos de convicção constantes dos autos dão conta, indubitavelmente, da prática do crime de homicídio doloso qualificado perpetrado por Tiago Gomes de Souza em face da vítima César Finé Torresi. Por tal razão, e em análise conjunta com o dr. Fábio Perez Fernandes, promotor de justiça atuante junto à Vara do Júri de Santos, requeremos proceda-se a tramitação do feito perante a esta vara especializada do júri, para o regular prosseguimento do processo em seus ulteriores termos”, sustentaram os promotores, de acordo com informações do portal Vade News.
A juíza aceitou o pedido dos representantes do MP. “Os fatos relatados no presente auto de prisão em flagrante são extremamente graves e, como bem mencionado pela decisão exarada em sede de plantão judiciário, indicam para a prática da ocorrência de crime de homicídio doloso”.
A lesão corporal dolosa é punível com 4 a 12 anos de prisão. Já a pena de homicídio qualificado varia entre 12 e 30 anos, por se tratar de crime hediondo.
Relembre o caso
César Finé Torresi, um aposentado de 77 anos, cruzou a Rua Pirajá da Silva, no bairro da Aparecida, em Santos, entre os carros presos no congestionamento. Era tarde do último sábado (8). Ele estava de mãos dadas com o neto de 11 anos.
Em uma das faixas, no entanto, havia um trecho livre, por onde o empresário, consultor e professor universitário Tiago Gomes de Souza, de 39 anos, trafegava com um Jeep Commander. Como o idoso apareceu no local, o motorista precisou frear bruscamente para não o atropelar.
Após o incidente, já com o homem de idade do outro lado da via com o menino, Tiago, que teria ficado furioso, desceu do automóvel e passou a xingar César. Ele então pegou impulso e deu uma “voadora” no peito do ancião.
A vítima caiu e chegou a ser socorrida, levada pelo Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) para a UPA da Zona Leste. No caminho e na unidade, sofreu uma sequência de três paradas cardíacas, chegou a ser intubado, mas morreu na madrugada de domingo (9).
Tiago fugiu para um supermercado que fica em frente ao local do crime, tentou se esconder e evitar um linchamento, mas acabou preso em flagrante pela PM.
O laudo apontando a causa morte de César revelou exatamente como o golpe covarde desferido por Tiago se tornou fatal para o idoso. Com a “voadora” no peito, o idoso caiu para trás na calçada e acabou batendo a cabeça, na região da nuca. Os médicos legistas constataram que ele sofreu um grave traumatismo craniano, ou seja, uma lesão traumática muito séria no osso do crânio que levou a lesões dentro da cabeça, no cérebro.