E agora, Melô? Curo esse rasgo ou ignoro qualquer ser?
Sigo enganado ou enganando meu viver?
Desculpe, mas o céu adivinha. O Rio amanheceu cinza, sem alegria, sem Melodia.
Sei que o pôr do sol vai renovar, brilhar de novo com o seu eterno sorriso, mas custava ficar mais um pouco, fisicamente, por aqui, Melô?
Você, Melodia, que num show de uma empresa em que fui, em que acabou a energia elétrica, ficou a sua energia. Você desceu Do palco e saiu cantando com o seu grupo, juntamente com a plateia. E fez a luz.
Mas tudo é beleza. Mas vale a franqueza. Vou tentar esquecer em que ano estamos e que anos passamos, para só lembrar do que você escreveu e cantou, Melô. E libertar da areia preta e do arco-íris cor de sangue, cor de sangue, cor de sangue …
Você, Melodia, que na minha adolescência me abriu o sol. Mostrou a luz para um adolescente rebelde, cheio de incertezas e que achava que só estava certo.
Afinal de contas, só você para entender a juventude transviada….
Ouvi de você que o tudo que se tem não representa tudo e o puro conteúdo é consideração.
E assim foi, Luis. Fui aprendendo com você e com outros malucos, realmente belezas, como Raul, Gonzaguinha, Tim Maia, Sérgio Sampaio, Itamar, o outro gato negro de arrepiar….
Sei o quanto você é forte, Melô. Você é feito cobra coral e eu trago, não traço, faço, não caço. Nascimento, vida e morte, quem diria, mas uma morte de mentira.
Você não morre, Melô!
Neste momento, choro tanto, me escondo e não digo, com caco de telha com caco de vidro.
Mas só digo uma coisa: Mesmo se tudo juntar por aí. em nós, o só há de sempre existir.
Luis Melodia, sempre existirá.
O Estácio sempre vai lhe querer. O Estácio, eu e você.