Por Kiko Nogueira, em DCM –
O MBL reagiu como se esperava diante da revelação de que dois de seus membros, Cauê Del Valle e Eric Balbino, foram contratados pela prefeitura de São Paulo: desqualificando o autor da matéria.
Cauê ganhou o cargo depois de apagar uma pichação no muro da casa de João Doria. Com relação a Balbino, não se sabe muito bem.
A foto do repórter da Folha Artur Rodrigues foi postada no Facebook do grupo. Ele praticou uma “canalhice chocante” e é “conveniente (sic) leitor de Marighella”.
Na imagem, a lombada do livro de Mário Magalhães foi assinalada: “Desmascarado mais um militante travestido de jornalista”.
Genial.
Esse tipo de expediente é especialidade de Eric Balbino de Abreu.
Aos 25 anos, filho de um militar da reserva, maníaco por selfies em academia, Eric é supervisor de Cultura na Prefeitura Regional da Sé — seja lá o que isso signifique. Nas redes sociais, assina Eric Balbinus.
É com esse nome artístico que assina um blog de conteúdo altamente difamatório chamado O Reacionário, dedicado a enxovalhar adversários reais e imaginários da “extrema esquerda”.
Numa nota avisando que havia aceitado o convite para trabalhar no município, ele avisa que é formado em Secretariado Executivo e bacharel em Relações Internacionais e que está se preparando para uma pós-graduação em Ciência Política que será iniciada no próximo semestre.
“Após anos atuando no mundo corporativo, fui uma das vítimas da crise e acabei utilizando conhecimentos do blog e da militância política para atuar como jornalista e redator freelance”, escreve.
“Continuarei por aqui elaborando meus comentários sempre ao final do dia, após o trabalho. Exatamente como era feito antes”.
Não há registro de matérias de Balbino como “jornalista e redator freelance” fora de seu site. Sobre os “anos atuando no mundo corporativo”, ele aparece como “sócio, administrador ou dono” da empresa Eric Balbinus de Abreu – ME (Eric Balbino de Abreu), de Carapicuíba.
O capital social é de R$ 1,00 (um real) e a atividade econômica é “edição de cadastros, listas e outros produtos gráficos”.
Balbino/Balbinus é tremendamente profícuo na arte de apontar o dedo para os inimigos da causa. Sua audiência é baixa, mas a intensidade e a freqüência dos ataques é alta.
Além dos óbvios Lula e Dilma, Eric fala o seguinte sobre outras pessoas:
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“O embusteiro Boechat utiliza com maestria a décima terceira regra de Saul Alinsky: Escolha o alvo, congele-o, personalize-o e polarize-o”. Ricardo Boeacht tem a “moral retirada do esgoto”, é um “leproso moral” e um “apologeta do terrorismo”.
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A chef Paola Carosella é uma “argentina bisbilhoteira se metendo em assuntos do Brasil” e uma “cozinheira equivocada”.
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O jornalista Alex Solnik é um “ruminante”, “estelionatário imoral”, “trapo humano”, “estúpido a quem sobra mau-caratismo” e a quem “falta o mínimo de inteligência”.
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O ator João Vicente é um “justiceiro social”, “estelionatário”, “canalha”.
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Os jornalistas Felipe Barthold e Ana Luiza Guimarães são “idiotas”.
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Juca Kfouri e José Trajano fazem “serviço de prostitutas”. Antero Greco “não passa de um louco fundamentalista”.
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Artistas que protestaram contra Temer são “estelionatários da classe artística” e “indigentes morais”.
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Laura Carvalho, professora do Departamento de Economia da FEA-USP e colunista, “usa este jeito de adolescente sonsa e lacradora”.
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O cantor Roger Waters é um “cretino antissemita” que “se acha no direito de palpitar sobre nossa política”.
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Mônica Iozzi é “canastrona”.
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Kennedy Alencar é “relações públicas do Partido dos Trabalhadores”.
Esse é o nível da administração Doria. O aparelhamento da prefeitura por essa gente é uma tragédia anunciada. Depois de censurar obras de arte, vão queimar livros. Quando Doria acordar, ele mesmo já terá virado cinza.
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