Memória e reflexão sobre intervenção militar

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Eduardo Tornaghi no Facebook – 

Quero deixar um testemunho sobre o que vivi como filho de Newton Tornaghi, um militar da safra dos tenentes com plena convicção de que só um governo militar poderia dar jeito no Brasil.




Só um governo inspirado e guiado por militares como Eduardo Gomes e Juarez Távora; honestos, corretos e preparados poderia livrar o país da praga da corrupção.

Pois meu pai participou do golpe e assumiu com Juarez Távora o ministério da Viação e Obras Públicas no 1º governo militar. Tinham um belo projeto de racionalização do tranporte.

Em questão de semanas ficou claro que os truculentos e corruptos estavam no comando verdadeiro.

A palavra do brigadeiro Eduardo Gomes não valia nada diante da truculência de um brigadeiro Burnier por ex. Aquele que queria explodir o gasômetro e desgraçou a vida do oficial decente que ousou desobedecer – O capitão Sergio Miranda de Carvalho – o responsável pelo assassinato do educador Anisio Teixeira, do deputado Rubens Paiva e de Stuart Angel entre outros.

Perdida a batalha no ministério, meu pai amargou anos de ostracismo, sendo evitado na rua por conhecidos assustados e sem conseguir trabalhar.

Seu pecado talvez tenha sido mandar voltar da porta de casa as caixas de uísque e presentes do tipo. Um sujeito assim não podia ser confiável.

Sua ingenuidade foi achar que os militares, por disciplina, seriam imunes à corrupção do poder.

Houve muita corrupção no regime militar. Era tratada com censura e em caso de denúncia, prisão tortura e morte do denunciante.

Militares não são impolutos, são gente. Há sim militares incorruptiveis, meu pai foi um deles. Mas são a exceção que confirma a regra. A maioria é como todos nós, gente: que se engana, cai em tentação, faz besteira, piora quando tenta consertar… GENTE

Atire a primeira pedra quem puder.

Por isso não saída fora da democracia onde pode haver contraditório, fiscalização e oposição.

Agora a parte difícil:

Para termos Democracia, governo do povo, é preciso que nós, o povo, tomemos vergonha na cara e comecemos a assumir nossa parte no governo.

No dia em que a gente parar de terceirizar para os “poderosos” o cuidado com a nossa casa, a coisa tem chance de andar. (afinal a gente entrega a chave do cofre pra alguém, não diz como quer que cuide, não quer saber como está gastando, o que se pode esperar?)

E ficamos nos escondendo em desculpas como “não entendo de política”, é muito complicado, não sei como faz…

E votamos sem saber em quem. E deixamos rolar.

Depois, basta reclamar do síndico.

Democracia se constrói com trabalho e participação. Em grupo, articulado com outros grupos, FAZENDO alguma coisa na sociedade.

Evangélicos por ex., tem uma grande bancada porque trabalham por isso. Estão presentes nas favelas, nos bairros, nos presídios; convidando, ouvindo e promovendo as pessoas

Quer se sentir representado? Forme um grupo e atue, informe-se, participe de algo concreto na construção da cidadania.

Daí a democracia talvez melhore, talvez não, mas nunca mais você vai se sentir tão impotente, porque vai se sentir parte.

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