Compartilhado da Revista Fórum –
Segundo lideranças indígenas, alguns dos profissionais que substituíram os cubanos com o fim do Mais Médicos se recusam a ir às aldeias e possuem muitas faltas
Entre janeiro e setembro de 2019, último mês com estatísticas disponíveis, 530 bebês indígenas morreram antes de atingir 1 ano de idade. Os dados representam um aumento de 12% em relação ao ano anterior e o maior número desde a criação do programa Mais Médicos – encerrado em dezembro de 2018.
Os dados foram obtidos através da Lei de Acesso à Informação pelo jornalista João Fellet, da BBC Brasil, e mostram uma relação direta entre o fim do Mais Médicos e o aumento da mortalidade de bebês.
Apesar da substituição de parte dos profissionais por brasileiros, o serviço caiu muito em qualidade, apontam lideranças. Entre as principais reclamações está a falta de uma relação do médico com as comunidades e a recusa de muitos em ir até a aldeia.
“Eles (cubanos) não faziam objeção, não criavam nenhuma dificuldade para ir na aldeia, conviver com a realidade. Com a saída deles, sentimos esse impacto”, afirmou Sérgio Bute, indígena do povo pataxó hã-hã-hãe que preside o Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi) da Bahia.
Paulo Tupiniquim, coordenador-executivo da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e membro do conselho de saúde do DSEI Minas Gerais e Espírito Santo, também se queixou sobre o mesmo tema.
“É uma postura completamente diferente da dos cubanos. Com eles não tinha tempo ruim: podia estar chovendo ou fazendo sol, eles tinham essa preocupação de levar o atendimento, de manter o contato com a população”, declarou.
“Temos médicos brasileiros excelentes, mas também temos aqueles que aparecem no serviço uma vez por semana e vivem apresentando atestado”, completou.
Leia a reportagem na íntegra na BBC Brasil