Por Kiko Nogueira, em DCM –
O ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves pediu demissão. É o terceiro a cair, na esteira de Romero Jucá (Planejamento) e Fabiano Silveira (Transparência, Fiscalização e Controle, conhecido popularmente como Tráfico).
Alves tem dois pedidos de abertura de inquérito em sua nome, feitos pelo procurador geral da República Rodrigo Janot. A chapa esquentou de fato com a delação de Sérgio Machado, segundo a qual ele teria recebido 1,55 milhão de reais de propina.
Temer deveria ter se livrado há mais tempo de Alves. O “grande articulador”, como ele foi vendido, só se mexeu após ele mesmo aparecer via Sérgio Machado.
Na manhã em que o terceiro ministro de sua gestão foi para o buraco — tudo em um mês —, o interino deu uma declaração nonsense. “Se tivesse cometido delito, não teria condições de presidir o país”, falou, como sempre afetando indignação.
Além da propina a chalita, Temer aparece pelo menos quatro vezes na Lava Jato, na boca de mais dois delatores: Delcídio do Amaral e o lobista Júlio Camargo, aquele que confessou pagamento de propina de US$ 5 milhões para Cunha (PMDB-RJ).
É um homem acuado. Eliseu Padilha, da Casa Civil, pediu água. Segundo ele, a Lava Jato precisa “caminhar rumo a uma definição final”. Até faz sentido, mas no quadro atual de desintegração significa, mais do que uma ameaça, um grito de socorro.
Numa entrevista ao SBT, Temer foi peremptório: “Se houver incriminações (…), os ministros sairão. É jurisprudência firmada na minha administração.”
Se fosse coerente, ele mesmo se daria o cartão vermelho. É o que deveria ter feito antes de embarcar no golpe — e é o que provavelmente passa pela sua cabeça quando vê onde se meteu.