Por Ivan Longo, para Spresso SP –
Maior parte dos casos, alguns acompanhados de incêndios, acontecem nos trens da chamada Frota K, a que foi reformada por empresas envolvidas no esquema de cartel, conhecido como trensalão
No último dia 9 deste mês, o Metrô de São Paulo bateu um recorde: o de número de Incidentes Notáveis, os “IN”. Um trem da chamada Frota K apresentou problemas de tração e precisou ser rebocado. O reboque, por sua vez, apresentou problemas e acionou o freio sozinho, o que gerou ainda mais atrasos em toda a composição entre 20h e 21h15.
O relato partiu de funcionários e técnicos do próprio Metrô, que constantemente denunciam os problemas de investimento e manutenção de trens. De acordo com levantamentos internos, esse já é o Incidente Notável número 115 do ano. Para se ter uma ideia, nessa mesma época, no ano passado, os INs estavam em 113 e terminou o ano com 120.
Os funcionários do Metrô relatam que os problemas com a Frota K acontecem pois a reforma, feita por empresas terceirizadas, foi realizada com mão de obra de má qualidade e com peças de segunda linha, o que rendeu mais lucros às empresas e ao próprio Metrô, que não se deu ao trabalho de comprar trens novos.
Frota K, a frota do Cartel
As reformas dos trens de São Paulo são alvo de investigação do Ministério Público, sob suspeita de formação de cartel. A Frota K foi reformada e entregue em 2011 pelo consórcio MTTrens, formado pelas empresas Temoinsa, MPE e TTrans. Esta última está envolvida no esquema de licitações, de acordo com documentos apresentados pela Siemens ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). As investigações apontaram que houve irregularidade (falta de concorrência) na licitação da contratação das empresas responsáveis pelas reformas
O esquema, conhecido como “propinoduto tucano” ou “trensalão”, começou na gestão do ex-governador Mário Covas e continuou durante os governos de José Serra e Geraldo Alckmin, todos do PSDB.