Por Luiz Henrique Dias, publicado por SP6 News –
Três interrupções afetaram a operação do Sistema sobre Trilhos da Região Metropolitana de São Paulo. No mais grave, uma composição descarrilhou na Zona Sul. Apesar das filas e dificuldades nos horários de pico, o Metrô alega que a situação foi pontual.
Por volta das 10h da manhã, uma composição da Linha 1 – Azul descarrilhou com passageiros nas proximidades da estação Conceição e, apesar de felizmente todos terem saído ilesos, a operação de todo o Sistema foi afetada.
Passageiros relataram, nas redes sociais, dificuldades em sair dos vagões.
O SP6 esteve na Linha Azul por volta das 16h e os trens operavam com velocidade reduzida e somente até a Estação Saúde, o que comprometia indiretamente as outras linhas, em especial a 3 – Vermelha. Elas são convergentes à Sé, na região central.
Até às 17h45, três estações ainda estavam fechadas: São Judas, Conceição e Jabaquara, esta última hub de integração com o Sistema Trólebus rumo a Diadema e São Bernardo do Campo, de ônibus da EMTU e da SPTrans, além de carros e vans para a baixada santista, prejudicando centena de milhares de usuários.
Para operar entre as estações Saúde e Jabaquara, o Metrô disponibilizou ônibus gratuitos, mas a quantidade era insuficiente, o que gerou filas e aborrecimentos.
Efeito cascata
Mesmo com o Metrô chamando de “pontual” os efeitos do descarrilhamento, o que se viu durante toda a tarde foram filas maiores que o normal, demora entre duas composições e sobrecarga no sistema de ônibus da Zona Sul.
O SP6 esteve também em outras linhas e os reflexos eram claros, mesmo com o Metrô negando.
A rede férrea da capital paulista e de sua região metropolitana funciona como um grupo orquestrado, se algo falha, compromete todo o conjunto. Numa linha onde a frequência é de um trem a cada três minutos, quinze minutos de atraso acumulado significa cinco trens e quase 10 mil passageiros em horário de pico.
Dia duro para quem depende de transporte
Outras duas falhas abalaram o Sistema nesta sexta-feira.
Pela manhã, falhas atrapalharam por mais de cinco horas os trens da Linha 7 – Rubi, da CPTM, afetando principalmente as regiões de Franco da Rocha e Francisco Morato.
Ainda, no outro extremo, na Zona Leste, um cachorro subiu numa composição e foi responsável por parar durante alguns minutos a Linha 3 – Vermelha na Estação Guilhermina-Esperança, mostrando a ineficiência do Metrô em solucionar problemas em horário de grande sobrecarga no Sistema.
Nota oficia
No início da noite, o Metrô publicou uma nota oficial dizendo que a Linha 1 – Azul teve sua operação normalizada às 18h45, quase nove horas depois do incidente, e que o funcionário envolvido foi temporariamente afastado.
Leia a nota na íntegra:
No período, os trens circularam entre as estações Tucuruvi e Saúde. No trecho entre Jabaquara e São Judas, os usuários foram atendidos pelos ônibus do PAESE (Plano de Apoio entre Empresas em Situação de Emergência), que foi acionadopelo Metrô.
Técnicos da manutenção trabalharam para a retirada do trem, inspeção e reparos da via e retomada da circulação de trens.
Análise preliminar da Comissão Permanente de Segurança (COPESE), formada por especialistas, aponta que houve descumprimento de procedimento operacional, causando o descarrilamento.
O Metrô já afastou o empregado envolvido na ocorrência até a finalização do laudo.
Problemas tendem a piorar
O SP6 conversou um especialista no tema e com dois técnicos do Metrô – que preferiram não se identificar – que explicaram alguns motivos para o aumento do número de falhas e acidentes nos Metrô e na CPTM.
Segundo um deles, além da superlotação, capaz de acarretar maior peso nas composições e comprometer a tração, o desgaste do material rodante (como se fossem as rodas) pode gerar riscos aos usuários. “Muitos trens são velhos, inclusive os que parecem novos, por terem sido reformados, e o equipamento pode estar comprometido pelo tempo de uso.”, explicou.
Ainda, segundo outro técnico ouvido, o aumento dos trens operados de forma remota (sem operador físico) pode piorar o desgaste das peças, pois a operação por automática causa paradas e saídas mais bruscas, aumentando as chances de danos.”, disse.
Análise
Nos últimos meses, os acidentes e falhas têm sido mais frequentes no Metrô e na CPTM.
O descarrilhamento desta sexta-feira é o quarto deste ano, o terceiro no Metrô, além de inúmeras falhas que – quase – diaramente afetam a vida de milhões de pessoas, desde usuários na via, cachorros, falhas elétricas, problemas de tração e até colisões entre composições.
Os constantes problemas de operação, bem como as superlotações, os atrasos na execução das obras de ampliação, a limitação geográfica do Metrô (restrito apenas ao perímetro da capital), a licitação de novas linhas, a compra de trens ou mesmo a utilização de composições já adquiridas e que apodrecem nos patios, os escândalos de corrupção envolvendo obras das linhas 2, 4 e 6 e da CPTM e a licitação a preços de banana das linhas 5 e 17, são resultados do descaso de Alckmin e dos sucessivos governos do PSDB no Estado de São Paulo.
Todos os profissionais ouvidos pelo SP6 concordam com a observação – feita em
forma de indagação – que o Governo tem sido irresponsável e isso pode gerar algum evento trágico em breve.
Enquanto isso, os sucessivos aumentos da tarifa encarecem o transporte público e levam a cidade de São Paulo e sua região metropolitana, a maior da América Latina, ao colapso.