Meu dia com Dilma

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Por Washington Luiz de Araújo, jornalista – 

Acordei de manhã, cansado, pois cheguei bem tarde na noite de domingo de uma viagem que durou 10 horas.  Tomei banho, tomei café, liguei a TV e a Dilma começava o seu belo discurso no Senado, se defendendo do impea…, do golpe. “Entre os meus defeitos não está a deslealdade e a covardia. Não traio os compromissos que assumo, os princípios que defendo ou os que lutam ao meu lado. (…)  Não esperem de mim o obsequioso silêncio dos covardes. No passado, com as armas, e hoje, com a retórica jurídica, pretendem novamente atentar contra a democracia e contra o Estado do Direito.
Se alguns rasgam o seu passado e negociam as benesses do presente, que respondam perante a sua consciência e perante a história pelos atos que praticam. A mim cabe lamentar pelo que foram e pelo que se tornaram”.




Comemorei o exitoso discurso e comecei a acompanhá-la respondendo aos senadores. Enquanto isso, me informava pelo watshap, facebook e emails e elaborava um projeto de trabalho.

E a Dilma lá, firme, respondendo a todas as questões, a maioria sobre as suplementações, Plano Safra  e explicando que não houve crime de responsabilidade.

Continuei o redesenhar o projeto. E dá-lhe falar de suplementação, de Plano Safra e respostas de que não houve crime de responsabilidade.

Parecia um monte de tenistas sacando ao mesmo tempo e uma só adversária, do outro lado, devolvendo todos os saques com êxito e até fazendo aces.

E eu ali, fazendo texto para o blog, enviando fotos e vídeos, enquanto Dilma respondia um por um, todos os senadores.

Lá para as 15 hora me deu fome. Para não sair de casa, preparei um macarrão, comi e continuei de olho, mais de ouvido na televisão.

E lá estava Dilma respondendo sobre suplementação, Plano Safra e que não houve crime de responsabilidade.

Às 17h30 saí para a manifestação contra o golpe da Candelária. Cheguei lá, vi que no início tinha pouca gente, mas depois saímos pela Avenida Rio Branco e fomos até a Assembléia Legislativa.

Lá, vi que o povo aumentou muito. Cerca de 10 mil pessoas. E dá-lhe “Fora, Temer” e “Abaixo a Rede Globo, o Povo não é Bobo”. E, as rodinhas, de conversa o assunto principal era a resistência de Dilma, as presenças amigas no Senado, dentre os quais Lula e Chico Buarque.

Lá para as 19 horas, saí com um amigo em direção à Cinelândia. Nos botecos do caminho,  quem estava na TV?  Dilma, explicando suplementação, Plano Safra e que não houve crime de responsabilidade.

Chegamos ao Amarelinho, tradicional bar da Cinelândia. Lá o Botafogo perdia por um a zero do Atlético Paranaense (alguém sabe o resultado?).

O povo no Amarelinho foi chegando e pediu que colocasse sabe onde? Na TV Senado. Houve certa resistência do dono do controle remoto. Resistência derrubada com o simples argumento de mais de 30 pessoas presentes: ou muda para a TV Senado ou vamos para o Verdinho, bar ao lado.

Rapidamente, os quatro aparelhos de TV sintonizaram sabe quem? Dilma, respondendo aos senadores sobre suplementação, Plano Safra e que não houve crime de responsabilidade.

E lá ficamos, tomando nossos chopinhos, falando dos salafrários dos políticos de direita, do lava mão do STF e da Lava Jato contra somente o PT.

De vez em quando levantávamos o olhar para ver Dilma, respondendo sobre suplementação, Plano Safra e que não houve crime de responsabilidade.

E já eram 22 horas. Lá se iam 12 horas da guerreira Dilma respondendo aos senadores, que se revezavam.  Apareciam todos bem lavadinhos, com jeito de perfumadinhos, com gumex nos cabelos, cobrando com voz empostadas sobre as suplementações, o Plano Safra e acusando Dilma de crime de responsabilidade.

Lá pelas 23 horas, falei que estava cansado. Tomei uma vaia. Complementei: só não estava mais cansado do que Dilma. Lógico. Menos vaias.

Pedimos a conta, que como sempre tem problemas. “tomei tanto chope assim? Já paguei e você está me cobrando de novo… O frango passarinho é um roubo”.

E lá estava Dilma na TV. Respondendo vocês sabem o quê.

Pegamos um táxi, chegamos na Praça São Salvador e fomos para o boteco preferido, a Adega da Praça.

Todas as TVS ligadas. Todas com Dilma, explicando sobre suplementação, Plano Safra e que não houve crime de responsabilidade.

Quase meia noite acaba a tortura, mais uma na vida de Dilma. Quase 14 horas de perguntas do senadores, de acusações que vocês sabem sobre o quê.

Peço a saideira e cometo a besteira de continuar vendo a TV, ligada na Globonews.

Depois do massacre da serra elétrica, na qual Dilma se saiu inteira e os senadores saíram trucidados,  vejo seis, sim meia dúzia, de ditos jornalistas e especialistas todos falando contra Dilma. Nenhum falando das suplementações, do Plano Safra e de que não houve crime de responsabilidade. todos tergiversando (palavra que Dilma gosta muito de usar), buscando pequenas falhas que garimparam de sua fala, daquelas exaustivas 14 horas.

Não aguentei. Vim para casa. Acho que nem ela aguentaria.

Grande Dilma!!!

washington TV

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