Por Willian Silva, estudante da UFF – Universidade Federal Fluminense – Facebook
Essa frase de efeito ecoou durante muito tempo na minha cabeça. Desde muito pequeno vivendo na área Rural, foram se tornando muito contrários os caminhos que eu poderia ter pela frente: ou me dedicava aos estudos ou a enxada estaria ali, me esperando. Eis que o desenrolar da história foi me deixando cada vez mais juntinho da caneta.
Entrar na Universidade Pública me fez seguir rumos inimagináveis, me possibilitou acessar o mundo. Poucas pessoas tem o privilégio de estar aqui dentro, talvez por isso tem crescido a apatia por esse espaço. Garanto que se cada brasileiro passasse um dia dentro da Universidade, disposto a conhecê-la, sua perspectiva mudaria.
Aqui, tudo acontece. Desde descobertas para cura de doenças até pesquisas linguísticas que explicam o porrrrrque desse meu R paulista, que tanto me faz repetir ““Porrta, porrtão e porrrteira” pro pessoal do Rio, que ora admiram ora se divertem com o sotaque.
Aqui são desvendados mistérios e às vezes até são descobertos mais deles. A Universidade é um espaço de pesquisa, inovação e transformação social, tanta que eu, filho de lavradores estou aqui dentro.
O gramado da foto abaixo, foi onde eu dei os meus primeiros passos na UFF – Universidade Federal Fluminense, passos de muita expectativa e felicidade. O que eu não sabia é que dois anos e meio depois eu estaria unindo os dois caminhos antagônicos da minha vida: A enxada e a Universidade.
Após o anúncio do Governo Bolsonaro de corte no repasse de verba para as Universidades Federais, muitas delas anunciaram que isso as levará a fechar as portas, inclusive a UFF.
Hoje rolou um mutirão de afeto na Universidade, onde a minha enxada se juntou com os rastelos, enxadões e tesourões de outras dezenas de colegas universitários, para juntos limparmos o mato que já vinha tomando conta de todo espaço, que por falta de verba já não era podado há muito tempo.
A enxada, que antes eu repelia, hoje se tornou instrumento de afeto e resistência por esse espaço. A Universidade, que há tempos vem agonizando, sem dinheiro para conta de luz, para o papel higiênico e para outras manutenções básicas, agora passa por um novo teste de resistência.O que temos a dizer é: Ninguém vai fechar a Universidade!
Ela agoniza, mas não morre.
Nós estaremos aqui resistindo, seja com enxada ou caneta nas mãos. O futuro educacional do Brasil não pode ser subtraído.Vamos juntos nessa luta!
— em UFF – Campus Gragoata.