A melhora marca a maior queda da desigualdade social dos últimos anos no país. No geral, a renda média do trabalho avançou 7,1% em 2024.
Por Altamiro Borges, compartilhado de Construr Resistência
Não foi manchete nos jornalões e nem destaque no Jornal Nacional da TV Globo.
A Fundação Getúlio Vargas/Social divulgou nessa semana um estudo que comprova que a renda do trabalho dos 10% mais pobres do Brasil cresceu 10,7% no ano passado – ritmo 50% maior do que o verificado entre a ínfima parcela dos ricaços, que subiu 6,7%.
Essa melhora marca a maior queda da desigualdade social dos últimos anos no país. No geral, a renda média do trabalho avançou 7,1% em 2024.
Para o economista Marcelo Neri, responsável pelo estudo, o avanço foi impulsionado pela geração de empregos formais e pela ampliação do Bolsa Família.
Reativado em 2023 com um aumento de 44% no valor médio por beneficiário, o programa criou um “colchão de segurança” para famílias de baixa renda, garantindo que o crescimento econômico chegasse à base da pirâmide. “Tivemos uma redução muito forte da desigualdade social em 2024”, enfatiza o pesquisador.
Além dos programas sociais, outros fatores contribuíram para a elevação da renda do trabalho, como o aumento da escolaridade entre os mais pobres e a queda do desemprego para o menor patamar histórico.
“O crescimento da renda, somado à redução da desigualdade, elevou o bem-estar dos brasileiros em 10,2%”, realça Marcelo Neri. Para ele, os números refletem uma mudança estrutural no país.
“Não podemos naturalizar esse avanço. Houve prosperidade do trabalhador, com crescimento de 7,1%, e uma redução da desigualdade que vale 2,9 pontos no índice Gini”.
Avanço maior no Nordeste
Outro dado importante da pesquisa FGV-Social é que o Nordeste liderou o ranking de crescimento da renda – ajudando a combater a crônica desigualdade regional no país.
O crescimento na região foi de 13%, quase o dobro da média nacional. Entre os estados que mais tiveram aumento da renda, os quatro primeiros são nordestinos:
Sergipe (32,47%), Pernambuco (19,78%), Bahia (19,42%) e Paraíba (18,62%), seguidos por Tocantins (17,71%), da região Norte. Oito estados do Nordeste, dos nove que compõem a região, estão entre os 10 primeiros.
“É uma marca de um crescimento forte no Nordeste, que voltou a acontecer na renda do trabalho que é estrutural”, explica o responsável pelo estudo.
“A região não apenas cresceu mais, mas distribuiu melhor esses ganhos, especialmente na base da pirâmide social”.
Para o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, os números do FGV-Social são animadores.
“Quando incluímos pessoas, não estamos só tirando elas da pobreza – estamos devolvendo sonhos, dignidade e o direito de escrever seu próprio futuro. Essa é a base para um Brasil mais justo e desenvolvido”.
Pena que a mídia burguesa não dê destaque para esses avanços!
Altamiro Borges é jornalista e coordenador do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé