Mídia se torna pouco receptiva ao governo Lula

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A característica das demissões que estão acontecendo na mídia privada já demonstram uma certa animosidade com o governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. O tom agressivo dos programas televisivos de análise política também mostram que a nova gestão não terá vida fácil se depender da imprensa oligopólica, extremamente vinculada ao poder econômico.

Por Simão Zygband, compartilhado de Construir Resistência




Este filme os governos petistas de Lula e Dilma Rousseff já assistiram antes. A mídia não dará trégua a gestões de raiz popular (a quem ajudaram a derrubar), mas foram brandos com os demandos de Jair Bolsonaro (a quem ajudaram a eleger).

Não querem o retorno dos direitos trabalhistas e benefícios previdenciários (como idade mínima de aposentadoria) arrancados dos trabalhadores com ajuda dela desde o governo golpista de Michel Temer, a quem colocaram no poder.

Os empresários de mídia querem novamente tentar enquadrar Lula e fazer com que ele cumpra o que eles desejam. Pressionam para que o presidente eleito, que toma posse no dia 1° de janeiro, defina ministros que atendam a seus interesses corporativos, que se distanciem do partido que encabeçou a frente ampla, o PT e que os novos governantes sejam totalmente palatáveis ao chamado mercado.

As empresas de comunicação efetuaram esta semana demissões que revelam uma espécie de macartismo. Não que os profissionais descartados sejam nitidamente ligados ao PT, mas podem ser considerados não apenas críticos ao finado governo de extrema-direita de Jair Bolsonaro, como simpatizantes de pensamentos de centro-esquerda, bem diferentes do liberalismo que os empresários de mídia apregoam e defendem em seus editoriais.

O chamado “passaralho” nas redações, termo utilizado pelos jornalistas para se referir a demissões de vários profissionais, começou nesta quinta-feira com o desligamento de dois dos principais colunistas da “Folha de S.Paulo”, o ator e apresentador Gregório Duvivier e o jornalista político Janio de Freitas, este último demitido por telefone, aos 90 anos de idade, após 42 anos prestando serviços ao jornal. Centenas de colegas protestaram contra o desligamento arbitrário em suas redes sociais.

Hoje a “limpa conservadora” atingiu profissionais renomados como Luiz Carlos Azenha, da TV Record, que paralelamente edita o Blog Viomundo e Marilene Felinto, da Folha de S.Paulo. Há outros nomes na lista de dispensa.

Marilene postou sua versão nas redes sociais, demonstrando evidente mágoa, se referindo também a Gregório Duvivier:

“Dispensados da Folha. Jornal tirou nossas colunas (por esquerdismo, demonstrações de simpatia ao PT, ao Lula). Mas somos maior que a Folha. Há 20 anos (2002, primeira eleição do Lula) saí por decisão própria e o mesmo motivo. Sempre escrevi lá a convite dos donos. Agora é definitivo. NO MORE. Minha última coluna sai domingo na Ilustríssima. Já começo a escrever em outra publicação em fevereiro. Aviso onde por aqui, queridos leitores meus”.

TVs

Sem contar a TV Jovem Pan (conhecida pelo apelido de Jovem Klan), que já se presta historicamente ao papel de ser porta-voz do fascismo, pregando diariamente um golpe contra Lula, as demais emissoras, sobretudo a Globo News e Band News, através de seus comentaristas, também se posicionam com suas baterias apontadas para a cabeça do petismo.

Queriam impedir que Fernando Haddad virasse ministro da área econômica, que Aloísio Mercadante não fosse indicado para a presidência do BNDES, que Simone Tebet seja necessariamente a ministra do Desenvolvimento Social e até que Rosângela da Silva, a Janja, não interfira nas decisões de governo de seu marido (e até com o preço das roupas dela já encasquetaram).

A mídia quer pautar se o Lula deve ou não convidar o presidente da Venezuela, Maduro para a posse. Isso é por que o novo governo ainda não tomou posse.

Imagine depois de empossado.

Tenha sabedoria, Lula, para lidar com os poderosos da mídia.  Esta não será uma tarefa fácil. Que o diga a nossa vizinha, a vice-presidenta argentina Cristina Kischner, condenada a 8 anos de prisão por um conluio da mídia com o Judiciário.

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