Mídia trata com deferência os cúmplices do terror bolsonarista no Congresso Nacional

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Em qualquer democracia ao redor do mundo a existência e a atuação das oposições são muito bem-vindas. Como toda unanimidade é burra, como diria o dramaturgo Nelson Rodrigues, o contraponto, a disputa por projetos diferentes e as críticas de quem não está no governo são peças importantes do jogo democrático.

Por Bepe Damasco, compartilhado de seu Blog




Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Entretanto, no Brasil, chega a provocar engulhos ver a mídia corporativa naturalizando a atuação de deputados e senadores que apoiam Bolsonaro, tratando-os como uma oposição institucional séria e pautada por premissas republicanas, coisas que decididamente não são. 

“Ah, mas os deputados e senadores da extrema-direita foram eleitos pelo voto popular”, dirão os jornalistas da Globo, Folha, Estadão e Veja.

Claro que sim. Estão lá pela vontade do povo.

Mas, é da falta de credenciais que estou falando. Vamos aos fatos:

1) Nenhum deputado ou senador da extrema-direita subiu à tribuna para criticar as concentrações golpistas em frente aos quartéis.

2) Não se tem notícia de discursos ou declarações à imprensa de suas excelências da extrema-direita condenando os ataques de milícias bolsonaristas à sede da Polícia Federal, em 12 de dezembro de 2022, dia da diplomação de Lula e Alckmin.

3) Tampouco a tentativa de explosão do aeroporto de Brasília, atentado terrorista que faria um grande número de vítimas e que só não se consumou porque a bomba falhou, foi objeto de qualquer reação de parlamentares e lideranças bolsonaristas.

4) Em vez de condenar a intentona golpista de 8 de janeiro, que provocou a destruição das sedes dos Poderes da República, deputados e senadores extremistas de direita se movimentam para garantir anistia, ou seja, a  impunidade dos que usaram a violência para tentar abolir o estado democrático de direito.

5) Nem mesmo as fartas evidências de que Bolsonaro surrupiou as joias que pertenciam ao Estado brasileiro foram capazes de incomodar as bancadas que apoiam Bolsonaro no Congresso Nacional. 

6) A ação do homem bomba, o terrorista bolsonarista que atacou o STF e acabou morrendo, na semana passada, não mereceu um comentário crítico sequer dos apoiadores de Bolsonaro no Legislativo. 

7) Nesta terça-feira o país acordou estarrecido ao tomar conhecimento dos planos de militares graduados de assassinar o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, dar um golpe de estado e implantar um ditadura. Coisa de bandido, de delinquente da pior espécie. No entanto, alguém ouviu algum parlamentar da extrema-direita lamentar o episódio? Como sempre, apelaram para a cantilena mentirosa e covarde segundo a qual Bolsonaro, o chefe da organização criminosa, não sabia de nada. Mais uma afronta à inteligência alheia.

Moral da história: os que são tratados pela imprensa, com todas as deferências, como oposição não passam, em sua grande maioria, de cúmplices do banditismo bolsonarista.

Isso quando não têm participação ativa nos ataques à democracia e nas conspirações criminosas para rasgar a Constituição da República. 

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