Enquanto aqui no Brasil a gente vive o que esta vivendo, enquanto a Europa vive o pânico da volta do terrorismo, enquanto Estados Unidos vive o pânico da chegada de Donald Trump, enquanto na Síria acontece esse genocídio que está acontecendo.

Aqui do lado, na Argentina, ocorre uma injustiça que o Brasil praticamente desconhece. Se trata do caso de Milagro Sala. Milagro Sala tem 52 anos, ela é uma líder militante, uma líder social, uma líder indígena em Jujuy, a belíssima província que fica ao norte com uma paisagem exuberante e uma miséria sufocante, lá na fronteira com a Bolívia.

A história de Milagro Sala é incrível. Ela, recém-nascida foi abandonada na porta de uma igreja dentro de uma caixa de papelão. Foi adotada por uma família de classe média. Aos 14 anos descobriu sua verdadeira história. Se rebelou, saiu de casa, foi morar na rua. Aos 18 anos foi presa, ficou sete meses presa. Na prisão fez uma greve de fome e se ofereceu para cozinhar para ver se melhorava a qualidade da comida das outras presas. Aos 25 anos ela adotou legalmente 12 crianças, 12 meninos de rua.

Milagro Sala é a líder de uma agrupação chamada “Tupac Amaru”. É uma espécie de grande cooperativa, que começou construindo moradias populares em regime de mutirão. Pequenas casas, isso inclui como apartamentos, casas de 54 metros quadrado.

Ela construiu nos últimos 14 anos quatro mil casas, além de um bairro de mais 1800 casas, no subúrbio de Jujuy a uns dez quilômetros do centro da cidade. Ela construiu isso e construiu três escolas, dois centros de saúde, nesses bairros. Esses pequenos condomínios, tem coisas que as elites de Jujuy não admitem, por exemplo: biblioteca, auditórios, quadra de esportes e o que é pior: piscina. Como a gente sabe pobre não tem direito a piscina, a não ser na hora de lavar a piscina dos ricos.

Muito bem, Milagro Sala está presa!

Ela foi acusada pelo governador de Jujuy, Heraldo Morales, um contador acusado de corrupção. Ela foi acusada de incitar a desobediência e tumultuar a ordem estabelecida. Ela esta presa há praticamente um ano, ela é uma presa política.

No Brasil a gente conhece pouco a história de Milagro Sala, mas no mundo essa história esta cada vez mais conhecida.

A comissão de direitos humanos da ONU exigiu a liberdade de Milagro Sala, o Comitê Interamericano da OEA exigiu a liberdade de Milagro Sala. Intelectuais, jornalistas, militantes do mundo inteiro mandam mensagens ao governo argentino, pedindo a liberdade de Milagro Sala.

E o que diz o presidente Mauricio Macri? Que isso é um problema local. Como se o direitos humanos tivessem endereço.