Mídia usa a palavra “libertário” sobre Milei para associá-lo à liberdade, mas ele é o oposto disso, como o boimate, ele é uma mistura de Bolsonaro com Tiririca
POR ANTONIO MELLO, COMPARTILHADO DA REVISTA FÓRUM
Tem gente que não pode ver uma casca de banana que atravessa até a rua para pisar e escorregar. Tem gente que não pode ver um vexame, que adere. É o caso do diretor de Jornalismo do Estadão, Eurípedes Alcântara, responsável pelo maior vexame do jornalismo brasileiro, o caso “boimate“.
Dois biólogos da Universidade de Hamburgo, na Alemanha, fundiram pela primeira vez células animais com células vegetais – as de um tomateiro com as de um boi.”
Esta foi a pegadinha em que a revista Veja, comandada por Eurípedes na época, caiu. Boimate, o fruto da fusão do boi com o tomate…
Agora, à frente do Estadão, ele vem com um novo “boimate”: chamar o candidato a presidente da Argentina Milei de “libertário” para passar a ideia de que é um homem que luta pela liberdade (“Liberdade – essa palavra que o sonho humano alimenta: que não há ninguém que explique, e ninguém que não entenda!” – Cecília Meireles).
Está certo que dessa vez ele não está só. A mídia em peso está nessa, mas o Estadão é quem mais força a mão.
Como boimate era fruto da fusão do boi com o mate, Milei “libertário” é fruto da fusão de Bolsonaro com Tiririca.
Os “libertários“
O que tem de “libertário” um homem que defende “a privatização da educação e saúde públicas, a suspensão de todos dos programas de assistência social, um ataque devastador contra os direitos trabalhistas e as aposentadorias, a defesa de privatizações ilimitadas, livre acesso ao armamento generalizado e apoio irrestrito à violência policial, revogação do direito ao aborto, eliminação dos ministérios da educação, saúde pública, cultura, ambiente, ciência e tecnologia…” e por aí vai?
Chamá-lo de “libertário” é a forma que encontraram para tentar diferenciá-lo de Bolsonaro. Mas basta você comparar as propostas dos dois para ver que são iguais. Com os resultados que vimos.
Curioso e aparentemente contraditório, é que esses “libertários“, que seriam adeptos do libertarianismo (“uma teoria política que tem a liberdade individual como valor absoluto“, segundo definição da Universidade Stanford) ao mesmo tempo em que defendem essa liberdade individual defendem uma polícia forte, violenta e até o uso das Forças Armadas na “segurança pública”.
Porque eles sabem o resultado de suas políticas — sem leis trabalhistas que garantam direitos aos trabalhadores, sem proteção social, sem escolas, hospitais, políticas habitacionais — só com tiro, porrada e bomba em cima do povo para manter a “ordem”.
Milei não tem nada de “libertário“. É um neofascista como Bolsonaro. Já perdeu no primeiro turno e esperamos que seja derrotado de vez no segundo.
Para tristeza do Estadão e da mídia corporativa, que vocalizam os interesses do mercado financeiro e não estão nem aí para o povo — que também, diga-se, não está nem aí para eles.
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