Segundo comunicado, o Instituto Nacional de Cinema e Artes Audiovisuais da Argentina, que fomenta produções cinematográficas no país, é o principal alvo do ultraliberalista
Por Alice Andersen, compartilhado de GGN
O governo de extrema direita liderado por Javier Milei divulgou uma redução no suporte e financiamento destinado ao cinema argentino, implementando alterações orçamentárias no Instituto Nacional de Cinema e Artes Audiovisuais (INCAA). Um comunicado da Secretaria de Cultura, ligada ao Ministério do Capital Humano, diz ter descoberto uma “dívida de US$ 4 milhões” no Incaa. A nota também coloca que a afirmação de que o instituto se autofinancia é “falsa”.
Um dos pilares do sucesso da cinematografia argentina, a entidade é reconhecida como uma das mais celebradas do mundo. Ao longo de sua história, o Incaa desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento da indústria cinematográfica no país, desde a produção e distribuição até a exibição e formação de profissionais da área. Vale lembrar algumas das conquistas Internacionais: Entre os destaques, estão os dois Oscars de Melhor Filme Estrangeiro:
Durante a campanha presidencial, Milei disse que ia acabar com o Instituto Nacional de Cinema e Artes Audiovisuais. A promessa gerou grande preocupação no setor, que se mobilizou em defesa do Instituto. Após a eleição, o ultraliberalista indicou que, em vez de fechar o Incaa, o governo focaria em eliminar o financiamento público à produção cinematográfica. Essa mudança, embora menos radical, ainda representava uma ameaça significativa para o futuro do cinema argentino.
Agora, serão feitos cortes em diversos setores, de acordo com o texto do comunicado, em:
- Transferências às províncias
- Viagens ao exterior
- Financiamento de festivais
- Pagamentos de horas extras
- Contratos de telefonia móvel
- Diárias
- Outros gastos considerados “supérfluos”.
Sem provas, o texto é concluído associando o financiamento à Cultura ao déficit orçamentário em outras áreas, utilizando uma estratégia discursiva recorrente nas políticas de extrema direita ao redor do mundo. “Nosso compromisso com o déficit 0% é inegociável. Terminaram os anos em que se financiavam festivais de cinema com a fome de milhares de crianças”.https://d-924421911560767459.ampproject.net/2402262017000/frame.html
Kleber Mendonça Filho e mais de 300 cineastas assinam petição contra Javier Milei
Conhecido por produzir filmes brasileiros de nome, como “Bacurau” e “Retratos Fantasmas”, Kleber Mendonça lidera uma iniciativa que conta com a participação de mais de 300 artistas internacionais na Argentina, de acordo com a revista Variety. A medida decretada pelo presidente argentino ultradireitista Javier Milei de reduzir os aportes financeiros direcionados à indústria audiovisual do país levou à criação da coligação Cine Argentino Unido.
Por meio de um decreto anterior, a Escola Nacional de Experimentação e Realização Cinematográfica (ENERC) e o Incaa foram desmantelados pelo governo e um grande movimento foi levantado por artistas da indústria cinematográfica. “A Argentina construiu uma indústria cinematográfica vibrante, heterogênea e dinâmica desde o seu início. Desde 1944, o país conta com instituições estatais que regulam e promovem a atividade cinematográfica utilizando os recursos gerados pela exploração audiovisual”, afirmou a coligação em manifesto.