A apreensão do telefone celular do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), resultou na descoberta pela Polícia Federal de que um membro da equipe de segurança do presidente Lula (PT) estava envolvido em um grupo de WhatsApp composto por militares da ativa que faziam pregações golpistas. Eles defendiam abertamente um golpe de estado e faziam ameaças ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Múcio e comandante do Exército tentam blindar generais de investigações
Do 247, compartilhado de Construir Resistência
De acordo com as informações obtidas por Andréia Sadi, do g1, o tenente-coronel André Luis Cruz Correia fazia parte desse grupo, onde Mauro Cid também estava entre os membros. Assim que essa informação veio à tona, a Polícia Federal levou o assunto ao Palácio do Planalto, que determinou a exoneração de Correia.
Correia era subordinado ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e, de acordo com fontes do governo, desempenhava um papel na segurança direta de Lula. Ele inclusive participou de viagens recentes junto ao presidente, incluindo uma à Bélgica. >>> CPMI precisará de saída jurídica para levar adiante plano de delação premiada de Mauro Cid
A revelação de que Correia estava envolvido no grupo do WhatsApp com propósitos golpistas intensificou as tensões nos bastidores entre a Polícia Federal e o GSI. Enquanto a PF vem defendendo desde 2022 que a segurança presidencial seja de responsabilidade dela, o presidente Lula optou por um modelo híbrido com o GSI no comando, a fim de evitar conflitos com os militares.
No âmbito do GSI, o incidente envolvendo Correia é considerado apenas mais um episódio na contínua disputa. Membros desse órgão afirmam que o tenente coronel não pode ser julgado apenas por sua associação ao grupo, uma vez que não está claro se ele teve alguma participação ativa nas discussões. Enquanto isso, os investigadores da Polícia Federal estão céticos quanto a mais um episódio que alimenta a desconfiança em relação ao GSI, que já teve membros envolvidos nos incidentes de 8 de janeiro. >>> Cúpula militar dá como certa a prisão de Bolsonaro e avalia que não haverá “reflexo algum” nas Forças Armadas
Na visão da Polícia Federal, o simples fato de um segurança encarregado da proteção do presidente estar envolvido em um grupo com aspirações golpistas é extremamente sério e preocupante.
Há inclusive informações de que Correia teria solicitado ajuda a Cid para conseguir uma transferência da Bahia para Brasília, um pedido que teria sido atendido. Por outro lado, o GSI afirma que não se tratou de um pedido de ajuda, mas sim de uma consulta sobre vagas disponíveis na capital federal. Tudo isso teria ocorrido em março desse ano, após os eventos golpistas de janeiro. A nomeação de Correia para a segurança de Lula só aconteceu no final de março.
Ao ser questionado, o ministro do GSI, General Marcos Antonio Amaro dos Santos, confirmou a saída de Correia da equipe de segurança presidencial, enfatizando que se tratou de uma exoneração, não de uma demissão. Ele alegou desconhecimento sobre um relatório da Polícia Federal que indicasse a presença de Correia em um grupo golpista. “Não conheço. Não tinha [informações sobre o relatório da PF]. Eu acredito que não teria ajuda para ele [Correia] vir para cá [GSI]. Quem define quem vem para cá, de acordo com os critérios de seleção, é o comando do Exército. É o gabinete do comandante do Exército. [O ingresso no GSI] não é por indicação pessoal, não”.
O General Amaro ainda revelou que o GSI está planejando uma reestruturação no órgão que deve ser anunciada já na próxima semana.