Por Denise Barbosa, jornalista
Passei longos períodos na casa da minha madrinha no Rio. A escadaria do prédio da Claudia servia de ponto de encontro da turma da Tijuca. Assim que eu e meu irmão, Aluizio Rodrigues Galé, chegávamos ela tratava logo de apresentar os amigos.
Reunia a garotada, sugeria as brincadeiras, dava uma de cupido para os romances das férias. Era a que mais aprontava com todo mundo.
O gosto pela encenação dominava tudo. Ela dizia que tinha um fantasma no quarto e já inventava todo um enredo de suspense e palhaçada. Se passava por sonâmbula, subia e descia escadas… Até ela se abrir numa gargalhada…
O que ela mais gostava era de “brincar de teatro”. Ainda bem meninas, eu, ela e Bia Seidl, vivíamos interpretando personagens, imaginando histórias, lendo fotonovelas.
Já crescidas, cheguei a acompanhar de perto alguns trabalhos como quando ela estava ensaiando “Ópera do Malandro” em SP. Assistia aos trabalhos e depois saíamos com o elenco pela cidade.
E na peça “Como Encher um Biquini Selvagem”, ela mostrava todo seu talento muito além do “engraçada”.
A Claudia me dava uma sensação de liberdade, de que era possível abraçar o mundo. Ela voou alto com seu trabalho e teve que se submeter à uma vida mais restrita nos últimos tempos por causa das condições de saúde.
Nesse dia da foto, há poucos anos, jantamos e conversamos muito sobre nossas vidas. O que tínhamos conquistado, como aquela velha infância tinha nos moldado. As brincadeiras de rua da Delgado, o humor crítico que ela desenvolveu desde cedo…
Essa presença ficará pra sempre.