Compartilhado de Brasil 247 –
O Ministério da Justiça deu início a uma caça às bruxas e sigilosamente desde junho criou um dossiê com nomes de 579 servidores federais e estaduais de segurança identificados como integrantes do “movimento antifascismo” e três professores universitários, um dos quais ex-secretário nacional de direitos humanos e atual relator da ONU sobre direitos humanos na Síria, todos críticos do governo de Jair Bolsonaro.
A informação consta num dossiê do ministério obtido pelo site UOL que inclui nomes e, em alguns casos, fotografias e endereços de redes sociais das pessoas monitoradas.
De acordo com a reportagem, o monitoramento é realizada por uma unidade do ministério pouco conhecida, a Seopi (Secretaria de Operações Integradas), uma das cinco secretarias subordinadas ao ministro André Mendonça.
A secretaria é dirigida por um delegado da Polícia Civil do Distrito Federal e tem uma Diretoria de Inteligência chefiada por um servidor com formação militar – ambos foram nomeados em maio por Mendonça.
A Seopi não submete todos os seus relatórios a um acompanhamento judicial por conta de um decreto de Jair Bolsonaro. O órgão age nos mesmos moldes dos outros órgãos que realizam normalmente há anos o trabalho de inteligência no governo, como o CIE (Centro de Inteligência do Exército) e o GSI (Gabinete de Segurança Institucional).
Entre os nomes incluídos no dossiê estão o de servidores que assinaram manifestos em defesa da democracia e com críticas ao governo. Inclui até nomes que assenaram manifesto contra o impeachmente da presidenta Dilma, em 2016.
Uma tabela de arquivo Excel foi montada com uma “relação de servidores da área de segurança pública identificados como mais atuantes”. Os 579 nomes foram divididos por estado da federação.
Além desse anexo, a Seopi incluiu os dois manifestos, de 2016 e 2020, uma série de “notícias relacionadas a policiais antifascismo” e cópias em PDF do livro “Antifa – o manual antifascista”, do professor de história Mark Bray, e de um certo “manual de terrorismo BR”.