Espaço na rua Augusta remonta à revitalização da região nos anos 1990. Desde então, o anexo abriga cinéfilos de São Paulo
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Publicado 14/02/2023 – 17h02DivulgaçãoO cinema e o café estão programados para deixar o imóvel no próximo dia 28. MP entrou com ação em nome da preservação histórica e cultural do local
São Paulo – O Ministério Público de São Paulo (MPSP) entrou com ação para tentar impedir o fechamento do anexo do Espaço Itaú de Cinema e o Café Fellini. Localizado na rua Augusta, no centro de São Paulo, o espaço abriu em 1995. Desde então, virou ícone cultural da capital. A história do anexo fez parte da revitalização noturna da via paulistana, que veio de décadas de degradação. Agora, o cinema sofre ameaça de demolição para a construção de um prédio.
O cinema e o café estão programados para deixarem o imóvel no próximo dia 28. Contudo, o MP entrou com ação de tutela antecipada em nome da preservação histórica e cultural do local. O órgão quer que o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp) analise a possibilidade de manter o espaço. A ideia é transformar o local em uma Zona Especial de Preservação Cultural (Zepec).
Caso a iniciativa do MP dê certo, seria “impedida a desocupação e a instalação de qualquer empreendimento imobiliário e comercial no local”, informa o órgão. Em primeiro lugar, a promotora de Justiça do Meio Ambiente Maria Gabriela Ahualli Steinberg pede a suspensão da desocupação com urgência. Isso serviria para garantir que o Conpresp pudesse avaliar se o tombamento caberia, ou não. Caso o pedido seja aceito pela Vara de Fazenda Pública do Foro Central de São Paulo, o fechamento do cinema acarretaria em multa de R$ 5 mil por dia, além do impedimento forçado de obras.
Cinema de rua
Um dos poucos cinemas de rua sobreviventes da capital, o anexo garante guarida aos cinéfilos e tantos outros visitantes todos os dias. De acordo com a organização do espaço, as atividades estão programadas para se encerrar na próxima quinta-feira (16). Na ocasião, o cinema exibirá duas sessões gratuitas do filme A Última Floresta, de Luiz Bolognesi e Davi Kopenawa. O documentário tem especial relevância no momento, uma vez que trata da resistência física e cultural dos povos Yanomamis contra os crimes do garimpo ilegal.
O Espaço Itaú de Cinema divulgou comunicado à imprensa sobre a relevância do espaço. Contudo, a direção do banco prossegue com as negociações para a destruição do cinema. “O cinema foi o primeiro a apostar na iniciativa de exibir cinematografias independentes do mundo todo, além de promover a formação de público através de cursos e projetos como o Escola no Cinema, Sessão Cinéfila e Clube do Professor. Credita-se ao cinema a revitalização da rua Augusta. O comércio do seu entorno, como lojas, bares e restaurantes, foi estimulado pelo expressivo número de frequentadores do cinema”, afirma.