Itamar Ben-Gvir e Bezalel Smotrich são acusados de incitação à violência e violação dos direitos humanos de palestinos. Medida adotada pelo Reino Unidos é acompanhada por Austrália, Canadá, Nova Zelândia e Noruega
Por Iara Vidal, compartilhado de Fórum
foto: Ministros de Israel são sancionados por declarações ‘monstruosas’ sobre Gaza.Itamar Ben-Gvir e Bezalel Smotrich são acusados de incitação à violência e violação dos direitos humanos de palestinos. Medida adotada pelo Reino Unidos é acompanhada por Austrália, Canadá, Nova Zelândia e NoruegaCréditos: Fotomontagem (Wikipedia)
O Reino Unido anunciou nesta terça-feira (10) sanções contra os ministros israelenses Itamar Ben-Gvir, da Segurança Nacional, e Bezalel Smotrich, das Finanças, por declarações classificadas como “monstruosas” sobre Gaza e por incitação à violência contra civis palestinos.
A decisão inclui proibição de entrada nos países signatários e congelamento de bens, e foi tomada em conjunto com Austrália, Canadá, Nova Zelândia e Noruega.
As medidas ocorrem em meio à crescente pressão internacional sobre o governo de Benjamin Netanyahu, em razão da escalada da guerra em Gaza e da expansão dos assentamentos na Cisjordânia.
Declarações extremistas e incitação à violência
Ben-Gvir e Smotrich vêm sendo alvos de críticas por defenderem ações violentas contra a população palestina, como o incentivo à destruição total da Faixa de Gaza e à ocupação de novos territórios.
Em maio, Smotrich chegou a afirmar que não permitiria “nem um grão de trigo” de ajuda humanitária para Gaza e defendeu que os civis palestinos fossem transferidos para uma “zona humanitária” antes de deixarem a região rumo a terceiros países.
No ano anterior, o ministro das Finanças já havia sugerido que a morte de 2 milhões de palestinos por fome em Gaza seria “moralmente justificável” até a libertação de reféns israelenses. A fala causou repúdio inclusive da Alemanha, uma das maiores aliadas de Israel.
Ben-Gvir, por sua vez, invadiu o complexo da mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém, em 26 de maio, e defendeu que o terceiro local mais sagrado do Islã seja substituído por uma sinagoga. Ele também já declarou que os palestinos da Faixa de Gaza deveriam ser “incentivados a emigrar voluntariamente”.
Resposta internacional e suspensão de negociações comerciais
Em nota conjunta, os chanceleres dos cinco países afirmaram que as ações dos dois ministros “incitam a violência extremista e graves abusos dos direitos humanos dos palestinos” e que tais comportamentos “são inaceitáveis”.
“Estamos firmemente comprometidos com a solução de dois Estados. Esse é o único caminho para garantir segurança e dignidade a israelenses e palestinos e alcançar uma estabilidade duradoura na região”, diz o comunicado.
O chanceler britânico David Lammy, que duas semanas atrás já havia criticado publicamente as falas de Smotrich no Parlamento, decidiu na ocasião suspender as negociações para um novo acordo comercial com Israel e aplicar sanções a um grupo de colonos extremistas. Agora, com o apoio de aliados, ampliou a medida para os dois ministros.
Reação de Israel e possível retaliação
O governo israelense foi notificado das sanções no início desta tarde. O ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Sa’ar, reagiu com veemência, classificando a decisão como “ultrajante”.
“É inaceitável que representantes eleitos e membros do governo estejam sujeitos a esse tipo de medida. Conversei com o primeiro-ministro Netanyahu, e realizaremos uma reunião especial do governo no início da próxima semana para decidir nossa resposta”, afirmou Sa’ar.
Sanções entram em vigor imediatamente
O Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido informou que as sanções entram em vigor de forma imediata. Em nota, reforçou que Israel precisa parar com a expansão de assentamentos ilegais, conter a violência de colonos extremistas e condenar declarações inflamadas de seus representantes oficiais.
“Essas sanções demonstram nosso compromisso com a responsabilização de indivíduos que encorajam e incitam abusos de direitos humanos”, afirma o comunicado.
Embora o Reino Unido já tivesse a prerrogativa de aplicar as sanções há mais de um ano, autoridades britânicas aguardaram apoio internacional coordenado para garantir maior peso político à medida. Os Estados Unidos não devem aderir às sanções neste momento.
Com informações do Guardian