Não escondo, estou feliz. Comecei 2018 já grisalho pelos 60 anos que faço em abril, pensando projetos e imaginando realizações, mas o que está acontecendo é acima do tempo. Ainda não assentou na cabeça que cantei com o nosso Zeca Pagodinho, no seu aniversário. Que o Samba do Trabalhador se renova a partir de um público que repercute as nossas músicas a cada segunda-feira, no Renascença.
Pensei, vou gravar um disco de inéditas e faço dever cumprido nas comemorações.
Acontece que o samba, sempre ele, é também um anjo de pernas tortas, dribla o previsto, verga tua bússola, te carrega pra outra dimensão.
Duas escolas de samba, duas realidades diferentes: Renascer de Jacarepaguá e Paraíso do Tuiuti.
Pra quem conhece as dificuldades de uma escola de poucos recursos, entende a ansiedade interna, só o coração consegue manejar essa alegoria.
Aceitei, junto com parceiros, e, em especial ao Claudio Russo, um craque sem precedentes que afinou a minha pontaria, e dois sambas-enredos ficaram prontos.
Onde sonhar que uma escola prestes voltar pro ‘acesso’, por um décimo perderia o título de campeã do carnaval?
E a Renascer? Quatro incêndios no barracão, sobrevive a queda e ganha 4 ‘dez’ no samba-enredo…
Na apuração, achei você…
Tuiuti encosta no Salgueiro. É necessário usar o critério de desempate: samba-enredo… Tuiuti, 4 ‘dez’ no quesito, um feito único na sua história…
Não escondo, estou feliz!