De Bahia Notícias, compartilhado de Plantão Brasil –
Em quarentena no RJ, Moraes Moreira tem surto criativo e cria cordel sobre coronavírus
Zelando pela sua própria saúde e em quarentena para prevenir contaminação por coronavírus, o cantor baiano Moraes Moreira teve um surto criativo, na madrugada desta terça-feira (17), em sua casa na Gávea, no Rio de Janeiro.
De acordo com o portal O Globo, reconhecendo a caneta como sua arma, o artista de 72 anos criou um cordel, inspirado na nova doença que, no Brasil, já contaminou mais de 200 pessoas e, até então, causou uma morte (veja aqui).
Nos versos, intitulado “Coronavírus”, Moreira deixa claro sua tensão e medo pela pandemia, mas ao mesmo tempo não esquece das balas perdidas que constantemente causam vítimas no Brasil.
No decorrer do cordel, ele também faz críticas aos excessos e retrocessos. Moraes também repudia em sua letra o machismo, a misoginia, o preconceito e a hipocrisia.
Nas duas últimas estrofes, ele tenta buscar respostas sobre o feminicídio, simbolizado pelo nome de Marielle Franco e reflete, finalizando, que não há tempo e nem idade para conquistar a liberdade em um mundo cheio de problemas.
Confira o cordel “Coronavírus” na íntegra:
Eu temo o coronavírus
E zelo por minha vida
Mas tenho medo de tiros
Também de bala perdida,
A nossa fé é a vacina
O professor que me ensina
É a minha própria lidaAssombra-me a pandemia
Que agora domina o mundo
Mas tenho uma garantia
Não sou nenhum vagabundo,
Porque todo cidadão
Merece mais atenção
O sentimento é profundoEu não queria essa praga
Que não é mais do Egito
Não quero que ela traga
O mal que sempre eu evito,
Os males não são eternos
Pois os recursos modernos
Estão aí, acreditoDe quem será esse lucro
Ou mesmo essa teoria?
Detesto falar de estupro
Eu gosto é de poesia,
Mas creio na consciência
E digo não à violência
Toda noite e todo diaEu tenho medo do excesso
Que seja em qualquer sentido
Mas também do retrocesso
Que por aí escondido,
Às vezes é que notamos
Passar o que já passamos
Jamais será esquecidoAté aceito a Polícia
Mas quando muda de letra
E se transforma em milícia
Odeio essa mutreta,
Pra combater o que alarma
Só tenho mesmo uma arma
Que é a minha canetaCom tanta coisa inda cismo…
Estão na ordem do dia
Eu digo não ao machismo
Também à misoginia,
Tem outros que eu não aceito
É o tal do preconceito
E as sombras da hipocrisiaAs coisas já foram postas
Mas prevalecem os reles
Queremos sim ter respostas
Sobre as nossas Marielles,
Em meio a um mundo efêmero
Não é só questão de gênero
Nem de homens ou mulheresO que vale é o ser humano
E sua dignidade
Vivemos num mundo insano
Queremos mais liberdade,
Pra que tudo isso mude
Certeza, ninguém se ilude
Não tem tempo, nem idade