Por Washington Araújo, jornalista –
“Publicar uma foto onde um homem casualmente aponta para a rua, tendo a presidenta da Petrobras, Graça Foster caminhando logo a frente, como se aquele estivesse a mandando para fora, é de uma baixaria e de maldade, de um artifício tão tacanho que nem na época de adolescente eu me dispunha a fazê-lo”, escreve Washington Luiz de Araújo, colunista do 247, sobre a capa do jornal desta quarta-feira 4
A foto publicada na capa da edição desta quarta-feira 4 do jornal O Globo revela a “moral desfocada” do veículo dos irmãos Marinho, critica o jornalista Washington Luiz de Araújo, colunista do 247. “O que mais tenho visto numa grande ala da imprensa de hoje, da dita mídia tradicional, é a ação covarde de se esconder atrás de um tela de computador para perpetrar baixarias como a que foi cometida contra a ex-presidenta da Petrobras”, diz ele. Leia seu artigo:
A moral desfocada na foto de O Globo
Nem quando estudante de jornalismo e logo depois “foca” fui favorável a utilização de fotos com outro intuito se não o de informar dentro do contexto. Sempre entendi que é uma ação covarde a de publicar fotos com a pessoa, seja quem for, fazendo caretas, de boca aberta ou em qualquer posição desfavorável. A capa de O Globo de 04 de fevereiro vai contra este meu princípio. Publicar uma foto onde um homem casualmente aponta para a rua, tendo a presidenta da Petrobras, Graça Foster caminhando logo a frente, como se aquele estivesse a mandando para fora, é de uma baixaria e de maldade, de um artifício tão tacanho que nem na época de adolescente eu me dispunha a fazê-lo.
Aos 15 anos, office-boy, de uma empresa, utilizava as horas vagas para escrever um jornalzinho impresso no mimeógrafo. O vibrante “A Mancada” fazia brincadeiras com os colegas de trabalho em charges e textos que tentavam ser bem humorados.
Mesmo com toda a verve de adolescente, já procurava não abusar do poder das teclinhas pretas para ir contra a moral dos amigos. Inimigos nunca os tive, talvez por isso.
Por outro lado, o que mais tenho visto numa grande ala da imprensa de hoje, da dita mídia tradicional, é a ação covarde de se esconder atrás de um tela de computador para perpetrar baixarias como a que foi cometida contra a ex-presidenta da Petrobras.
Informar com precisão e isenção está muito longe de assassinar reputações, de publicar inverdades, de inventar “offs”, de achincalhar a vida alheia. Utilizar o jornalismo para estes fins é demonstrar o um caráter vil, covarde.
Portanto, fico triste quando vejo ações como esta de O Globo. E sabendo que foi um colega de jornalismo que a praticou, sinto uma profunda vergonha alheia. Talvez porque, como afirma Lupicínio Rodrigues na letra da música “Vingança”, a vergonha é a herança maior que meu pai me deixou.