Publicado na Revista Fórum –
Com a extinção do Ministério do Trabalho, a pasta da Justiça, comandada pelo ex-juiz da Operação Lava Jato, dará as cartas nas relações com as entidades de classe trabalhistas
Apesar de ainda não ter assumido o Ministério da Justiça, o ex-juiz Sérgio Moro, sob a justificativa de “eliminar qualquer vestígio de corrupção”, já deu mostras de que pretende iniciar uma autêntica caçada aos sindicatos de trabalhadores, a partir de janeiro.
Com a extinção do Ministério do Trabalho, criado em 1930 por Getúlio Vargas, os assuntos referentes às entidades de classe trabalhistas mudarão de pasta, trocando o Trabalho pela Justiça.
“Há uma intenção de transferir essa questão sindical para o ministério. É um setor que houve muita corrupção no passado. O objetivo dessa transferência é que, sob o guarda-chuva do Ministério da Justiça, possamos eliminar qualquer vestígio de corrupção”, afirmou.
Até mesmo o atual ministro do Trabalho e Emprego, Caio Vieira de Mello, afirmou que a extinção da pasta causará um “desmanche” nas atividades de fiscalização do trabalho. “É um ato complexo, de uma repercussão social grande. É um desmanche de maior fiscalização, piora a condição social do trabalhador”, declarou, em entrevista à Rádio Nacional.
Onyx e Lula
Moro também falou sobre os problemas na Justiça de um de seus principais aliados. O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou nesta terça-feira (4) o Ministério Público Federal (MPF) a investigar o pagamento de caixa 2 do Grupo J&F ao deputado Onyx Lorenzoni (DEM/RS), futuro ministro da Casa Civil de Jair Bolsonaro.
Nesse momento, o futuro ministro parece não ter tanta rigidez ao falar sobre corrupção: “Durante a votação das dez medidas contra a corrupção, ele foi abandonado pela maioria dos seus pares, mas demonstrou comprometimento pessoal para a causa anticorrupção, inclusive com alto custo político. Ele tem minha confiança pessoal”, disse.
Além disso, evitou se aprofundar a respeito do julgamento do habeas corpus do ex-presidente Lula na Segundo Turma do STF: “Pertence à Justiça, não ao futuro ministério. Faz parte do meu passado, não tenho comentários”.