Por Kiko Nogueira, publicado em DCM –
O teste de sobrevivência da democracia brasileira é a defesa de Lula nas ruas diante da condenação de Sergio Moro.
É o que vai nos redimir da sina de República de Bananas.
Em 1964, Jango foi derrubado sem resistência significativa.
A direita se mobilizou contra Dilma. Ela foi derrubada numa farsa obscena, seu vice ladrão assumiu e não se viu nada relevante dos setores progressistas, a não ser “tuitaços” e uns poucos espasmos de manifestações.
O combativo MST ficou quieto, guardando suas forças para promover uma nova loja de produtos orgânicos no centro de São Paulo.
Eis o momento para mudar essa trajetória funesta.
Reproduzo o que escreveu o professor Aldo Fornazieri:
As lições da história mostram que os democratas, os progressistas e as esquerdas não foram efetivos na construção de uma consolidada democracia social no Brasil.
Nos momentos críticos em que isto poderia proporcionar uma virada, essas forças foram derrotadas até mesmo quanto o elemento militar não interveio no jogo político.
A causa principal dessas derrotas está na incompreensão do fator força organizada para promover as mudanças.
Negligenciar a organização e o acúmulo de forças políticas e sociais significa perder no jogo institucional quando o país passa por momentos críticos e os avanços conquistados podem sofrer graves retrocessos, a exemplo do que ocorre neste momento.
Se Lula for preso ou impedido de ser candidato o que acontecerá? Esta pergunta não tem uma resposta assertiva. Não basta apenas proclamar que “Lula é meu amigo: mexeu com ele, mexeu comigo”.
Esta proclamação só será algo efetivo se existir força organizada capaz de barrar a prisão ou a inviabilização da candidatura de Lula nas ruas.
Independentemente de se apoiar ou não uma eventual candidatura Lula em 2018 é preciso perceber que o jogo do seu destino na Justiça está imbricado com o futuro da democracia.
Por isso, a tarefa agora não é definir candidaturas, mas ganhar esse jogo.
A sentença longa e estapafúrdia de Moro é parte da estratégia de tirar Lula das eleições de 2018.
Moro está a serviço das mesmas forças que aprovaram a reforma trabalhista, que deixam Aécio Neves passear pelo Senado, que querem trocar Temer por Maia e que mandam Geddel Vieira Lima de volta para casa após seis dias na Papuda.
O que resta a Lula é a força da população — a mesma população que o coloca em primeiro lugar nas pesquisas na esteira de uma perseguição judicial incessante e de um eterno linchamento midiático.
Ele nunca será perdoado por isso.
São Paulo, Porto Alegre e Brasília tinham manifestações marcadas para a própria quarta, dia 12.
Que seja apenas o começo. Se nada acontecer, é prova de que nossa servidão é voluntária e nossa vocação para a submissão e a vira latice invencível.
É guerra. Fique feliz por isso.