O prestígio do ex-juiz Sérgio Moro derrete, evapora a cada dia. Uma sucessão de erros estratégicos, associados à conduta como magistrado na Operação Lava Jato, torna o ex-paladino da moralidade, da justiça, o Torquemada da República de Curitiba, em uma espécie zumbi político.
Para quem sonhou com o poder e as glórias da presidência da República, Moro pode terminar sua trajetória política em um hiato de tempo tão pequeno que a história irá referenciá-lo como alguém que fracassou em tudo o que fez.
No xadrez político, não teve competência para movimentar as peças do tabuleiro. Não sabia, por exemplo, que o Rei se move em qualquer direção, mas apenas uma casa por vez.
Não entendeu o recado de um jogo onde a pressa, a ânsia pela vitória a qualquer preço sempre custa caro. Do enxadrista, é exigida inteligência e muita paciência. Atributos que parecem não ter.
Aceitou participar de um jogo arriscado onde só os profissionais sobrevivem. Topou eleger um presidente da República em troca de cargos. Não levou a sério a máxima que “não existe almoço de graça”.
Foi triturado em uma reunião ministerial e pediu demissão. Esqueceu que servir aos caprichos e interesses do ex-capitão era a regra básica. Aliás, exatamente como ele agiu para elegê-lo.
Embriagado pelo poder, se lançou candidato a presidente da República. Outro fracasso. Em pouco mais de 120 dias a criatura apunhalou o criador. Deixou o Podemos, partido que o introduziu no meio para se abrigar no União Brasil, onde jorra dinheiro a ser gasto em campanha.
Suas pretensões não foram bem recebidas. Os velhos caciques, rábulas da política tradicional que ele tanto criticou como juiz, trataram de domá-lo.
Insistiu em ser candidato ao Senado por São Paulo, mas a Justiça Eleitoral o derrotou nos tribunais. Sem opção, retornou ao Paraná onde disputa a vaga com seu alquimista, Álvaro Dias.
Pesquisas mostram que Moro come poeira. As últimas notícias já dão conta que ele acena para o ex-capitão de olho no segundo turno.
De fato, o Brasil não foi feito para amadores.