Morre, aos 86 anos, o diretor teatral José Celso Martinez Correia, o gênio do Oficina

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Morreu nesta quinta-feira (06), aos 86 anos, o diretor de teatro José Celso Martinez Correia. Ele estava na UTI do Hospital das Clínicas de São Paulo, intubado em razão das queimaduras que sofreu durante um incêndio em seu apartamento, no bairro do Paraíso, na Zona Sul da capital paulista.

Por Fernando Miller, compartilhado de DCM




Zé Celso Martinez Correia, diretor de teatro morto em decorrência de um incêndio residencial. Reprodução

Nascido em 30 de março de 1937 em Araraquara, no estado de São Paulo, Brasil, Zé Celso é amplamente reconhecido por seu trabalho inovador e revolucionário no campo das artes cênicas.

Iniciou sua carreira teatral na década de 1950, quando se mudou para a cidade de São Paulo para estudar direito na Universidade de São Paulo (USP). No entanto, sua paixão pelo teatro o levou a abandonar o curso e dedicar-se inteiramente às artes dramáticas. Em 1958, fundou o Teatro Oficina junto com outros artistas, como Renato Borghi, e desde então tem sido o diretor artístico do grupo.

Ao longo dos anos, Zé Celso tornou-se conhecido por sua abordagem experimental e sua disposição em desafiar as convenções teatrais. Ele era um fervoroso defensor do teatro como uma forma de expressão política e socialmente engajada, e seu trabalho muitas vezes apresentava uma mistura de performance, música, dança e elementos de teatro popular brasileiro.

Zé Celso em seu Teatro Oficina; Reprodução/TV Globo

Ele se projetou nacionalmente com “O Rei da Vela”, escrita por Oswald de Andrade e encenada pela primeira vez em 1967. A peça foi um marco no teatro brasileiro, destacando-se por sua crítica social e sua ousadia estética. Zé Celso adaptou a peça para diferentes momentos ao longo dos anos, mantendo sua relevância e impacto.

Além de seu trabalho no Teatro Oficina, Zé Celso também dirigiu e encenou peças em vários outros países, como Alemanha, França, Itália e Estados Unidos. Seu talento e contribuições para o teatro foram amplamente reconhecidos, recebendo inúmeros prêmios e homenagens ao longo de sua carreira.

Polêmico e provocador, conhecido por sua personalidade vibrante e sua posição política engajada, seu trabalho continuará influenciando e inspirando novas gerações de artistas, um legado duradouro no teatro brasileiro e internacional.

Zé Celso e Silvio Santos, com quem disputou o espaço do Teatro Oficina e seu entorno. Reprodução

Silvio Santos

A disputa entre Zé Celso e Silvio Santos envolveu a polêmica em torno do despejo do Teatro Oficina, sede do grupo teatral dirigido por Zé Celso, para a construção de um empreendimento imobiliário por Silvio Santos. Zé Celso acusou Silvio Santos de utilizar sua influência política e econômica para obter vantagens na negociação, interferindo na continuidade das atividades do teatro.

A batalha legal e midiática gerou manifestações de apoio ao Teatro Oficina e resultou em um acordo em 2014, no qual o teatro foi mantido, mas Silvio Santos obteve permissão para construir seu empreendimento ao lado, com medidas de preservação do patrimônio cultural do local. A disputa evidenciou a importância do espaço como um centro cultural e trouxe à tona discussões sobre especulação imobiliária e preservação do patrimônio cultural.

José Celso Martinez Correia e seu marido, Marcelo Drummond. Reprodução

Casamento

Após 36 anos juntos, José Celso Martinez Corrêa e Marcelo Drummond oficializaram sua relação em junho de 2023. A decisão se deu por questões práticas, já que Zé Celso, veterano no teatro brasileiro e um dos fundadores do Oficina, não tinha herdeiros diretos e se preocupava com a burocracia que seu companheiro enfrentará após a sua morte, que ele acreditava estar próxima.

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