Por Ivan Seixas, no Facebook
Tive a honra de conhecer e atuar com Dona Egle em várias ocasiões. A mais marcante para mim foi quando fomos (eu, Dona Egle e Rosalina Santa Cruz) falar para a bancada do antigo MDB, defendendo a criação da CPI das torturas, em plena ditadura militar, antes da Anistia e com os Doi-Codis ainda funcionando. Era o ano de 1978.
Essa mulher extraordinária falou emocionada do assassinato de seu filho para deputados e deputadas que não tinham, em sua maioria, a mínima ideia do que ela falava. Quando ela falou do telefonema que seu outro filho recebeu anunciando a prisão de Alexandre: “Meu filho disse: mãe, telefonaram dizendo que o Lê foi preso”. Eu e Rosalina desabamos a chorar.
Aquela mulher não era uma militante, que deveria estar pronta para enfrentar o inimigo, mas tinha mais força do que várias centenas de militantes calejados. Falou firme e serena como só as pessoas grandes sabem fazer, e mostrou para aquele público como se enfrenta uma ditadura: sem medo e com ousadia.
Dona Egle Vannuchi Leme é uma das grandes personagens e uma de nossas heroínas maiores