Por Washington Luiz Araújo, jornalista, no Brasil 247 –
Sobre o assassinato dos cinco jovens na Zona Norte do Rio, quando o carro onde estavam foi totalmente perfurado de balas, só um desejo: que a Polícia passe a atirar tão pouco ou nada na Zona Norte e favelas do Rio, na Zona Leste e no extremo Sul da capital paulista, quanto no Leblon e nos Jardins.
Sobre os assassinatos no Rio, o governador Pezão disse que não foi racismo. Talvez pelo pensamento simplista de que os PMS atiraram sem ver a cor de quem estava dentro do carro, mas foi um crime levado pelo preconceito, sim. Não atirariam desta forma em um carro numa área nobre de qualquer grande ou pequena cidade brasileira.
Por mais que o governador negue, vindo com a conversa de exceção, a “puliça” é preparada para abater, para matar pobres. Pobres que já nascem suspeitos. Suspeitos de que todo pobre é ladrão, traficante, assassino.
O governador do Rio disse que neste ano 111 policias foram punidos. É pouco até pelas notícias que temos, pois sabemos que muitas notícias são escamoteadas quando se trata de assassinar pobres.
O número 111 lembra a quantidade dos presos mortos no Massacre do Carandiru, antiga Casa de Detenção na capital paulista, em 1992. Número que se tornou maldito. Desconfia-se até hoje de que a quantidade foi maior do que o governador do Estado na época, Luiz Antonio Fleury, destacou oficialmente, como desconfiamos de que se o governador Pezão levar a sério esta coisa de punir policial assassino no Rio de Janeiro, a quantidade sairá, e muito, da casa do maldito 111.
E, por falar em número, alguém ouviu falar como andam, se andam, as investigações da chacina dos 19, ocorrida em agosto deste ano na cidade de Osasco, região periférica de São Paulo?
Portanto, não desejamos, em hipóteses alguma, que as mortes por policias despreparados cheguem às regiões nobres, mas sim o contrário: que os policias bem preparados destinados a cuidar do dia e da noite do morador privilegiado pela fortuna, sejam também levados para trabalharem naqueles locais em que os pobres ficam à mercê da violência de bandidos e policiais.