Por Kennedy Alencar em seu Blog –
Esther Solano analisa manifestações 5 anos depois
A cientista social Esther Solano, professora da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), avalia que movimentos de direita que participariam da derrubada de Dilma Rosseff nasceram durante as manifestações de junho de 2013.
Segundo ela, a parcela que era favorável à queda de Dilma não era significativa em 2013, mas “os germes” desses movimentos já estavam nas ruas naquele ano. Ela cita como exemplo o MBL (Movimento Brasil Livre), que viu então “um potencial de mobilização muito grande”.
Para Esther Solano, “o ponto de inflexão mais importante é a eleição de 2014”, que deixou um país “polarizado” e permitiu que ganhassem corpo em 2015 os protestos para derrubar o PT do governo. “Tudo mudou em 2 anos, basicamente.”
Ela diz que um legado positivo das manifestações de 2013 foi “a sociedade brasileira começar a falar mais de política”. No entanto, a cientista social pondera que cresceu também “o discurso da negação da política”.
Com Bruno Paes Manso e William Novaes, Esther Solano escreveu o livro “Mascarados, a Verdadeira História dos Adeptos da Tática Black Bloc”. Ela diz que a violência desses manifestantes é uma resposta à violência cotidiana com a qual convivem nas periferias das grandes cidades. “A presença do Estado na periferia é a PM”, diz, relatando respostas de black blocs entrevistados por ela.
Esther Solano diz que os protestos desses manifestantes tinham o objetivo de trazer visibilidade perante a imprensa para as suas demandas.
Segundo a professora da Unifesp, a repressão violenta da PM paulista em 13 de junho de 2013 foi o estopim que levou ao aumento da adesão de pessoas aos protestos. Ela diz que muitas pessoas lhe disseram que já tinha vontade de ir para a rua e que aquela repressão as incentivou a engrossar as maiores manifestações de rua da nossa história.