O procurador Sergio Gardenghi Suiama, do Ministério Público Federal no Rio de Janeiro, pediu nesta quinta-feira que a Justiça determine o afastamento imediato da presidente do Iphan, Larissa Rodrigues Peixoto Dutra. O pedido foi feito após Jair Bolsonaro ter afirmado que mandou trocar o comando do órgão para resolver um problema para o empresário Luciano Hang, dono da rede de varejo Havan.
Manuela Dorea, compartilhado Blog da Cidadania
Foto: Ministério do Turismo/Divulgação
O presidente da República fez a declaração num evento da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na noite de ontem.
“Também, há pouco tempo, tomei conhecimento que, uma obra, uma pessoa conhecida, o Luciano Hang, estava fazendo mais uma loja e apareceu um pedaço de azulejo durante as escavações. Chegou o Iphan e interditou a obra. Liguei para o ministro da pasta: ‘que trem é esse?’, porque eu não sou tão inteligente como meus ministros. ‘O que é Iphan?’, com PH. Explicaram para mim, tomei conhecimento, ripei todo mundo do Iphan. Botei outro cara lá. O Iphan não dá mais dor de cabeça para a gente [risos]”, afirmou o presidente.
É segunda vez que Suiama pede o afastamento da presidente do Iphan. Em maio passado, ele já havia requisitado à 28a Vara Federal do Rio um pedido para suspender a nomeação de Larissa, motivado por uma ação popular proposta pelo então deputado Marcelo Calero (Cidadania-RJ). O parlamentar alegava que Larissa, que é turismóloga, não tinha formação compatível para a função. Na ocasião, porém, o pedido do MP foi rejeitado.
Agora, com as declarações de Bolsonaro, Suiama fez uma nova representação, por considerar que o próprio presidente deu prova de interferência política no órgão – o que fere os princípios de impessoalidade e previsto em lei.https://aa3a644eadba8e039db618a900a6349b.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
Larissa trabalhava no Ministério do Turismo antes de ser deslocada para o Iphan, órgão que tradicionalmente é comandado por historiadores ou por profissionais de atividades ligadas à preservação do patrimônio.
Ela também é próxima da família Bolsonaro. O marido é agente da Polícia Federal e fez a segurança do presidente em 2018, quando ele ainda não tinha sido eleito. Ele também é amigo de Léo Índio, primo dos filhos de Bolsonaro.