Criador da criptomoeda fraudulenta de Milei diz que mulher de Trump está no esquema: “Minha vida está em risco”
Compartilhado de Diario do Centro do Mundo
na foto: Hayden Mark Davis e Javier Milei: fraude com criptomoeda
Hayden Mark Davis, da Kelsen Ventures, que esteve por trás do lançamento da $LIBRA — a memecoin promovida pelo presidente da Argentina Javier Milei em um post na rede X na sexta-feira, que teve uma valorização de 1300% em meia hora antes de despencar — reafirmou que dispõe de US$ 100 milhões para injetar liquidez na moeda, mas aguarda instruções. “Temo por minha vida”, declarou, revelando ainda que também esteve envolvido no lançamento da memecoin de Melania Trump, mulher de Donald Trump, presidente dos EUA.
Em uma entrevista de mais de uma hora com o jornalista Stephen Findeisen, mais conhecido como Coffeezilla — youtuber e jornalista norte-americano especializado no mundo cripto —, Hayden Davis negou que o caso da $LIBRA tenha sido um “rug pull” (quando o preço de um token é inflado artificialmente antes de despencar). “Foi um plano que deu errado, com 100 milhões de dólares no colchão esperando o que fazer”, disse.
“Não tenho o menor desejo de ser o inimigo número um. Não estou me beneficiando disso. Minha vida está em risco”, afirmou. Ele também garantiu que o presidente Javier Milei concederá uma entrevista na TV ainda hoje para apoiar a memecoin, esperando que seu valor volte a subir.
“Milei não ganhou dinheiro com isso”, assegurou. Ao ser questionado sobre outras pessoas envolvidas no lançamento da moeda, apontou para Mauricio Novelli e Manuel Terrones Godoy, da controversa Tech Forum. Esse fórum existe apenas na Argentina, foi realizado em outubro de 2024 e teve Milei como palestrante principal, com uma nova edição prevista para abril de 2025.
Novelli é um jovem trader que conhece Milei pelo menos desde 2021, época em que o economista fazia vídeos promocionais em suas redes sociais divulgando os cursos da N&W Professional Traders, empresa fundada por Novelli. Além disso, meses antes de ser eleito deputado, Milei chegou a ministrar treinamentos nesse instituto.
Já Terrones Godoy, um espanhol criado na Argentina que se apresenta como “empresário”, acumula diversas acusações de fraude relacionadas a investimentos digitais. Ficou conhecido como youtuber e por dar conselhos sobre como ganhar dinheiro jogando videogames.
Segundo o jornal La Nación, Terrones Godoy se orgulha de seu acesso às altas esferas do poder. Junto com Novelli, ele foi um dos convidados especiais da cerimônia de gala no Teatro Colón durante a posse de Milei, fato que ele mesmo divulgou com uma foto publicada em seu perfil no LinkedIn.
Durante a entrevista, Hayden Mark Davis mencionou que estava tentando evitar os “snipers” — programas automáticos projetados para executar ordens de compra de criptomoedas em alta velocidade assim que um novo token é lançado no mercado.
“Isso deveria ser um experimento. Milei tem um desejo profundo de tornar tudo público. Ele quer tokenizar todas as transações financeiras do país”, afirmou. A tokenização é um método que substitui dados sensíveis por identificadores únicos, mantendo a integridade das informações essenciais.
Davis também falou sobre Dave Portnoy, empresário norte-americano e influenciador com cinco milhões de seguidores no Instagram, fundador da Barstool Sports. Portnoy afirmou que sabia do lançamento da $LIBRA e exemplificou como insiders (pessoas com informações privilegiadas) lucraram com o projeto.
No entanto, ele fez uma revelação ainda mais polêmica: disse ter devolvido seis milhões de tokens LIBRA a Hayden Davis, que havia lhe enviado como pagamento pela promoção do projeto, pois não poderia divulgar que estava sendo recompensado para promovê-lo nas redes sociais.
“Não posso aceitar criptomoedas se você não me permite dizer que as recebi e que faço parte do projeto. Então, literalmente devolvi as moedas. Isso aconteceu antes de todo esse caos, antes de eu saber que isso seria um desastre”, declarou Portnoy em uma transmissão no X. Ele também revelou que comprou $LIBRA por conta própria e manteve esses tokens, além de ter mantido contato com Davis enquanto o token colapsava.
Ao ser confrontado sobre o uso de informações privilegiadas por insiders, o criador da $LIBRA deu uma resposta, no mínimo, controversa. “A ideia de que insiders são um problema é uma bobagem, porque, em qualquer memecoin em que investi, conheci ou fui parte, as pessoas que mais lucraram foram as que sabiam e estruturaram o negócio. Assim como acontece em qualquer empresa do mundo”, afirmou.
“Mas, nos mercados públicos, como na bolsa de valores, isso seria ilegal”, retrucou o entrevistador, surpreso com a declaração. “Sim, mas nas memecoins não. Isso acontece em todos os negócios. É assim que se faz dinheiro grande. A grande maioria dos ganhadores de memecoins se beneficia desse esquema. Quem reclama é quem não é insider”, concluiu Davis.
Isso explicaria por que, segundo a análise da conta cripto Bubblemaps no X, 82% dos tokens estavam concentrados em um único cluster. Esses investidores privilegiados inflaram o preço — apesar de Davis negar — e depois venderam seus tokens antes do colapso.
Quando questionado sobre sua participação no lançamento da memecoin de Melania Trump, Hayden Davis hesitou antes de responder. “Vou falar, mas isso pode me colocar em grande perigo. Eu fiz parte disso”, admitiu, acrescentando que não houve dinheiro da equipe da ex-primeira-dama dos Estados Unidos envolvido. “Não aceitamos nenhuma liquidez; zero”, enfatizou.
Na véspera da posse de Donald Trump, o casal presidencial norte-americano lançou duas memecoins: $TRUMP e $MELANIA. “A memecoin Melania já está disponível”, publicou a ex-primeira-dama no X, junto com as informações para compra do token.