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Uma mulher trans, de 40 anos, foi queimada viva na madrugada da quarta-feira (24) no Cais de Santa Rita, no Centro do Recife, próximo ao terminal de ônibus. Ela foi levada ao Hospital da Restauração pelo Serviço de Atendimento Médico de Urgência (SAMU) e teve 40% do corpo queimado. A unidade de saúde informou que a vítima tem o quadro de saúde estável, mas que ainda não há previsão de alta.
Foto: Arquivo DP |
De acordo com a Polícia Militar de Pernambuco, policiais realizavam um patrulhamento próximo ao Terminal de Ônibus do Cais de Santa Rita, pouco depois da meia-noite, quando foram acionados por populares devido a uma tentativa de homicídio, e visualizaram uma pessoa em chamas. Segundo a Polícia, o suspeito do crime é um adolescente que tentou fugir mas foi apreendido e encaminhado para a Gerência de Polícia da Criança e do Adolescente (GPCA).
A deputada estadual Robeyoncé Lima, do coletivo das Juntas, esteve durante a manhã desta sexta-feira (25) no Hospital da Restauração. A deputada conversou com a vítima, Roberta -que não teve o nome completo divulgado-, e informou que o crime aconteceu após um desentendimento entre o adolescente e a mulher. Segundo Roberta, ela foi alvo de transfobia por parte do jovem.
A parlamentar também informou que Roberta vive em situação de rua, mora na área do Cais de Santa Rita e que a família da vítima reside em Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife, onde está sendo procurada.
Repercussão
O caso ganhou repercussão após a deputada estadual pelo mandato coletivo das Juntas, Robeyoncé Lima, denunciar a violência contra travestis. Ela é a primeira advogada travesti do Norte-Nordeste.
“Hoje, uma travesti foi queimada viva em Recife, no Cais de Santa Rita, e ninguém está falando sobre isso. Mais uma de nós agredida com crueldade e ninguém liga. Violência contra nós virou algo corriqueiro e sem ser merecedor de empatia. Eu já estou atrás dos órgãos responsáveis %u200B%u200Bdo governo para cobrar essas atualizações e, principalmente, um auxílio para ela”, relatou a deputada.
O prefeito do Recife, João Campos, também se manifestou sobre o caso e afirmou que a Secretaria de Desenvolvimento Social acompanhará o caso.
“Determinei à nossa Secretaria de Desenvolvimento Social que seja feito o acompanhamento e dada a assistência necessária à mulher trans vítima de queimaduras, na última madrugada, no Cais de Santa Rita. O que aconteceu é intolerável, atinge a todos e todas nós, comprometidos com a causa dos direitos humanos e do enfrentamento a qualquer tipo de violência e preconceito”, afirmou o gestor em comunicado.