Mundo de olho em Bolsonaro e eleições: “Brasil fraturado”, “risco à democracia”

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Os mais importantes jornais internacionais questionam a “continuidade da democracia no Brasil” e “retorno político impressionante” de Lula

Por Patricia Faerman, compartilhado de Jornal GGN




Reprodução de imagem do curta-metragem “Nação Fraturada” do Financial Times

O mundo está de olho nas eleições do Brasil. Três dos mais importantes jornais internacionais, o New York Times, o Financial Times e o The Washington Post amanheceram questionando a “continuidade da democracia no Brasil” e “retorno político impressionante” de Lula.

“Ele semeou dúvidas sobre as urnas eletrônicas, minou as autoridades eleitorais e apelidou seu principal adversário de ‘ladrão corrupto’. Fã descarado daditadura militar, ele incitou sua base adoradora a ‘ir à guerra’ se a eleição no domingo for ‘roubada’.”

Assim o The Washington Post descreveu Jair Bolsonaro, o atual presidente e candidato à reeleição, em artigo nesta quarta (28), deixando claro o risco democrático que sofre o Brasil.

“No processo, o presidente brasileiro Jair Bolsonaro, perdendo nas pesquisas de reeleição para um segundo mandato, levantou temores do velho fantasma que ainda assombra a América Latina: um golpe. Ou, talvez, uma versão brasileira da insurreição de 6 de janeiro de 2021 no Capitólio dos EUA.”

O jornal norte-americano avalia a atual eleição presidencial brasileira como “um referendo sobre a democracia”: aqueles que votarem em Lula são a favor e os que votarem em Jair Bolsonaro são contrários ao processo democrático.

Já o The New York Times destaca no artigo o “impressionante retorno político” de Lula, também decretando que ele deve “derrotar o atual presidente Jair Bolsonaro nas eleições brasileiras no domingo”.

“Lula está prestes a se tornar presidente do Brasil mais uma vez, uma incrível ressurreição política que antes parecia impensável”, traça o famoso diário.https://a0e02f6d46b088b10d7fea59e350f946.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

O NYT também escancara, logo no início da publicação, que Lula foi julgado imparcialmente: “cujas condenações por corrupção foram anulado no ano passado depois que o Supremo Tribunal do Brasil decidiu que o juiz em seus casos era parcial.”

E referiu-se à menção do ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que chamou o líder brasileiro de “o político mais popular da Terra”.

“O retorno de Lula ao cargo de presidente consolidaria seu status como a figura mais influente da democracia moderna do Brasil. Ex-metalúrgico com educação de quinta série e filho de trabalhadores rurais analfabetos, ele é uma força política há décadas, liderando uma mudança transformadora na política brasileira para longe de princípios conservadores e em direção a ideais esquerdistas e interesses da classe trabalhadora.”

Bolsonaro como ameaça

Já sobre Bolsonaro, foi o editorial do The Washigton Post que destilou mais descrições: “Críticos dizem que ele também minou profundamente a democracia – ocupando cargos-chave com comandantes militares atuais e antigos, iniciando uma guerra com a Suprema Corte e empilhando a promotoria e a polícia com partidários.”https://a0e02f6d46b088b10d7fea59e350f946.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

“A escolha entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, 76, e Bolsonaro, 67, colocou o Brasil na linha de frente do cabo de guerra global entre democracia e autoritarismo.” E acrescenta um recado ao Brasil: “A disputa aqui está sendo observada de perto nos Estados Unidos – cuja política e polarização o Brasil parece espelhar.”

A derrota de Jair Bolsonaro, também anota o jornal, “pode sinalizar que a maré iliberal, construída sobre populismo, polarização, desdém do eleitor, desinformação e Fake News, pode estar começando a diminuir.”

Um Brasil “fraturado”

Essa polarização entre a democracia e o fascismo, que beneficia de formas diferentes dois polos do Brasil, é a principal mensagem do curta-metragem do britânic Financial Times, lançado hoje (29).

“Uma nação fraturada” é o título da reportagem audiovisual de Bryan Harris, que decide conhecer dois lados do Brasil: os ruralistas ricos, caminhoneiros e evangélicos que apoiam Bolsonaro e a população que ficou mais pobre, mais desempregada e com fome por este mesmo governo.

Se nos primeiros minutos do curta-metragem, cenas do risco à democracia pelo atual presidente, com seus incisivos acenos golpistas, defesa do armamento e violência por seus apoiadores, com mais de 20 minutos de duração, a investigação de Harris mostra também quem saiu beneficiado deste governo.https://a0e02f6d46b088b10d7fea59e350f946.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

“O agronegócio – e a ‘domesticação’ do Cerrado – transformaram o interior do Brasil. As cidades lá estão crescendo. Bolsonaro veio como o homem para uni-los não apenas politicamente, mas também culturalmente”, narrou, ao conhecer ruralistas do Mato Grosso.

“Em São Paulo e outros grandes centros urbanos, a história é completamente diferente. Fabiana da Silva vive em uma ocupação – uma favela não muito longe do centro de SP. Ela diz que o descaso do governo com os pobres é uma estratégia deliberada”, também revela.

O curta-metragem do Financial Times está com acesso liberado a não inscritos, pode ser visto aqui.

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