Na briga de Bolsonaro com a mídia é um erro torcer pela briga

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Por Rogério Marques, jornalista, no Facebook –

Tenho visto pessoas de oposição ao atual governo dizendo que na briga de Bolsonaro com a mídia torcem pela briga. A frase, além de batida, revela um grande equívoco.

Não é segredo para ninguém que a chamada grande mídia tem lado, como sempre teve, historicamente. O lado dos interesses de seus donos, aquela meia dúzia de bilionários sem qualquer compromisso com os princípios do bom jornalismo.




Os interesses dessa turma são os mesmos de grandes empresários representados pela Fiesp. Inconformados com a reeleição de Dilma Rousseff pretendiam, com sua deposição, levar ao poder alguém como Geraldo Alckmin para implantar as tão sonhadas reformas neoliberais.

O plano deu certo pela metade. Dilma foi deposta, as reformas estão sendo feitas, mas o ultradireitismo e a ultraboçalidade do atual governo são fatores de instabilidade permanente.

Mais uma vez, esses empresários estão provando do próprio veneno, como acontece com a Folha de São Paulo e a TV Globo.

Depois de ameaçar não renovar a concessão da Globo e excluir a Folha de São Paulo da licitação da Presidência para o acesso ao noticiário digital, Bolsonaro vai além. Acaba de declarar que não compra mais produtos anunciados pela Folha.

Isso é gravíssimo! Tem que ser denunciado!

É um claro estímulo para que seu eleitorado faça o mesmo, pressionando assim os anunciantes do jornal. Para ampliar o boicote, nas últimas críticas à Folha de São Paulo ele cita uma passagem bíblica, um aceno a grupos neopentecostais.

O objetivo final é sufocar financeiramente a Folha, levá-la à falência, exatamente o que a ditadura militar fez com o Correio da Manhã. Que, é bom lembrar, também defendeu a deposição de um presidente constitucional, João Goulart.

Bolsonaro nunca mudou. Continua enaltecendo a ditadura militar implantada em 1964, que para ele não foi ditadura, e tendo como ídolo um notório torturador daquele regime. É um saudosista do AI-5 — para ele apenas “um evento histórico” –, que sempre flertou com um retrocesso democrático.

Se ele hoje mira na Folha e na TV Globo por divergências de ocasião, amanhã os alvos poderão ser o Judiciário, o Congresso, quaisquer outras instituições que, com todos os erros, ainda garantem uma democracia enxovalhada.

Da mesma forma que a ditadura militar só foi derrotada com a formação de alianças até com setores conservadores, mas comprometidos com a democracia, agora a situação se repete.

O atual governo ainda goza de popularidade e tem importantes apoios no Congresso. Mais uma vez, é preciso formar alianças e denunciar de todas as formas os arreganhos ditatoriais de Bolsonaro contra quem quer que seja.

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