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Jair Bolsonaro tenta convencer o mundo de que se preocupa com o meio ambiente e reafirma meta estabelecida por Dilma Rousseff em 2015
Após passar mais de dois anos estimulando as queimadas na Amazônia, demitindo cientistas por divulgar dados de desmatamento e mantendo à frente do Ministério do Meio Ambiente um defensor de madeira extraída ilegalmente, Jair Bolsonaro tentou, nesta quinta-feira (22), convencer o mundo de que se preocupa com a preservação dos biomas nacionais.
Ao falar na Cúpula do Clima chamada pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, Bolsonaro praticamente prometeu se tornar uma nova pessoa. Assumiu o compromisso, por exemplo, de eliminar o desmatamento ilegal até 2030. Mas, como bem lembraram o presidente Lula e a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, em artigo, o Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia registrou, no mês passado, novo recorde no desmatamento, de 216% a mais em relação a março de 2020.
Bolsonaro também defendeu a ajuda financeira por parte de países mais ricos para que nações como o Brasil possam preservar seus recursos naturais. Espera que se esqueçam de quando esnobou esse tipo de auxílio, após Alemanha e Noruega suspenderem o repasse de quase R$ 190 milhões para o Fundo Amazônia, em 2019, justamente em razão do forte desmatamento que seu governo promoveu.
Meta de 2015
Sem Donald Trump para dar guarida à sua sanha destruidora, Bolsonaro apelou a medidas adotadas pelo Brasil durante os governos Lula e Dilma. Para posar de comprometido com o meio ambiente, afirmou o compromisso de de cortar emissões de gás carbônico em 37% até 2025 e em 43% até 2030.
Esse compromisso foi estabelecido pela presidenta Dilma Rousseff em 2015, na Cúpula do Clima de Paris. Na época, o mundo não tinha dúvidas de que o Brasil o cumpriria. Porém, após o golpe de 2016, a capacidade do país de entregar o que prometeu passou a ser questionada.
Por fim, tentando, talvez, mostrar certa originalidade, Bolsonaro prometeu que o Brasil alcançará a neutralidade climática em 2050, e não mais em 2060, como o país havia sinalizado anteriormente. Como ressalta a Folha de S. Paulo, no entanto, o governo Joe Biden recebeu a notícia com desconfiança. “A Casa Branca esperava mais. Queria um cronograma mais específico para o combate aos desmates, que mostrasse possibilidade de resultados ainda neste ano, e um plano mais ambicioso para o corte das emissões de poluentes”, informa a repórter Marina Dias.
Ou seja, Bolsonaro prometeu algo para daqui a três décadas, quando certamente não estará mais no governo, e nada disse sobre o que fará agora, que é o que lhe caberia fazer. Não por acaso, foi um dos últimos líderes a falar e discursou para ninguém, com Biden saindo da sala na hora do pronunciamento do brasileiro.
Da Redação, com informações de G1, Folha de S. Paulo, Correio Braziliense e Brasil 247.